terça-feira, abril 15, 2008

o pior é que ele vão ou " i want to go back to bahia

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Não entendeu nada? Pensou que era erro de digitação? Teve que ler mais de uma vez para entender? Normal.

É essa a sensação que tenho cada vez que a TV dispara sobre os espectadores mais um anúncio de varejo. E, ultimamente, é o que mais aparece nos canais abertos. Um texto ensandecido, com uma edição de imagens tão rápida que impede a visualização completa do produto ofertado, e uma locução de narrador de corrida de cavalos. Para completar, explosões frenéticas de números e letras sempre em vermelho, amarelo e azul. Parece que perderam os outros tubinhos de aquarela...

Acha que é muito? Não... Ainda não falei das letrinhas miúdas, que correm no rodapé da tela, brincando com a inteligência do espectador. Parêntese para comentário: Dia desses, meu filho – com 12 anos – ao ver um destes espetáculos de ligeireza, franziu o cenho, esperou acabar a verborrágica apresentação, virou-se para mim e tascou: “Pai, o que está escrito ali embaixo, que eles não querem que a gente leia?” Fecha parêntese. Pano rápido.

Se alguém consegue ler aquilo, na íntegra, pode candidatar-se ao Livro dos Recordes.

Corta para chamada do Fantástico: “João da Silva conseguiu ler todas as letrinhas microscópicas do anúncio de aquecedores das Casas Tal e Coisa! E entendeu o que elas querem dizer!!!”

Patrícia Poeta: “Com exclusividade, o Fantástico desfaz o mistério! João da Silva nos conta o que está escrito nas letrinhas miúdas dos comerciais de varejo”.

João da Silva: “Olha, foi difícil, mas eu consegui”.

Corte. Zeca Camargo chama os comerciais, avisando que, no próximo bloco, os espectadores conhecerão o grande mistério.

E quando João da Silva volta à tela, a revelação: “Está escrito o seguinte: Ofertas válidas do dia tal até o dia tal, ou enquanto durarem os estoques. Após esta data os preços voltam ao normal. Formas de pagamento: à vista, a prazo no cartão de crédito em 10 parcelas sem juros com 1º pagamento no vencimento do cartão e os demais de 30 em 30 dias. Consulte a loja mais próxima sobre outras condições de pagamento. Não cobramos taxa de abertura de crédito. Nenhuma despesa adicional. Nas compras a prazo, o cliente fica sujeito à aprovação de crédito. Não vendemos por atacado. O estoque central garante o mínimo de 100 peças para cada produto anunciado. Ofertas excepcionais podem ocorrer eventualmente no mesmo período com diferenças em sua comercialização. Consulte a loja diante de dúvidas. Nossas lojas abrem aos domingos e em horários extraordinários nas cidades autorizadas...” E por aí vai.

Tudo isso, e mais um pouco, em letras que fazem as letras da Bíblia parecerem manchete de jornal popular. E em 5 absurdos segundos.

Somando, então, temos: locução “corrida maluca”, mais entonação estilo “feira livre”, mais disparos de imagem, acrescido de cores berrantes, com tempero de letrinhas miúdas salpicadas a esmo.

E, depois, ainda querem que eu vá até a loja comprar alguma coisa...


(eu odeio comercial de varejo, do gonzalo pereira, para o acontecendo aqui).

comerciais de varejo são como epidemia de dengue. não adianta ficar coçando. o que resolve é não fazer ou fazer de uma maneira que estes não se reproduzam. para isso é imperioso combater a mente parada. é nela que os "mosquitos" do varejo se reproduzem aos milhares.

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