1. Ele não de conformava, e não pelo fato de estar preso – isso até que achava justo. Não aceitava, mesmo, a falta da bola.
Eram cento e trinta e tantas pessoas, presas quando tentavam atravessar a fronteira do México para os Estados Unidos. Procediam de vários paises da América Latina, a maioria do Brasil – 47 brasileiros, quase todos de Minas Gerais.
Quando chegaram ao presídio, percebeu: no pátio onde tomavam sol, a polícia distribuía
várias bolas, todas de basquete. Nenhuma de futebol.
No começo até que aceitou, mas com o tempo a saudade do futebol foi-se tornando insuportável. Então, reuniu alguns companheiros de cárcere e começou a chutar as bolas de basquete que recebiam. No primeiro dia, foram advertidos. No segundo, foram para a solitária. Saiam de lá, voltavam a chutar as bolas e retornavam às solitárias. E o fizeram tantas vezes, que os policiais entregaram os pontos: ao invés de isolá-los em uma cela, providenciaram bolas de futebol. Vitória do Brasil. Ou melhor, de Minas Gerais.
2. A edição especial da publicação PropMark, que circulou há pouco, divulgou entrevista do presidente da ABAP e do Congresso Brasileiro de Propaganda, com informações surpreendentes. As duas primeiras estão logo na abertura da matéria. Uma diz que essa entidade confirmou o evento “para o primeiro semestre de 2008”. Esquisito: inicialmente foi anunciado para abril. Depois, para maio. Agora, para o primeiro semestre de 2008.
A outra está logo em seguida. Afirma que “todas as entidades do setor irão discutir
o rumo da propaganda brasileira.” Como assim? Quer dizer que você, profissional diretamente interessado no futuro da sua atividade – em conseqüência no seu próprio futuro – não poderá opinar?
3. As outras surpresas vieram depois, nas palavras do próprio presidente. Ao responder à pergunta sobre por que o mercado esperou 30 anos para realizar o Congresso, respondeu candidamente: “eu não sei dizer exatamente e ninguém também soube me dizer. Talvez ninguém tenha sentido uma necessidade de fazer um congresso antes.”
É inacreditável que ele tenha dito isso, mas está escrito no PopMark. Confira e conclua, porque se eu comentar, posso perder o respeito.
3. Lá pelas tantas, diz também o presidente:
“... será um Congresso com agenda democrática. Todas as entidades ligadas à indústria da comunicação publicitária, sem exceção, foram convidadas a dar sugestões a respeito de assuntos que gostariam de ver discutidos. Todos os presidentes de capítulos da ABAP e suas agências associadas foram formalmente informados do congresso e convidados a dar sugestões de assuntos a serem discutidos na agenda. A principal academia ligada ao setor, que é a ESPM, foi igualmente convidada a avaliar, a abrir a discussão entre seus alunos , corpo de professores e conselheiros.”
Algumas perguntinhas: os interesses das agências e de suas entidades são necessariamente os mesmos dos profissionais? Para ser um Congresso efetivamente democrático, os organizadores já não deveriam estar convocando os profissionais, como um todo, para participar do evento e opinar também? Somente a ESPM vai opinar? E as outras Faculdades e Cursos espalhados pelo Brasil?
Democracia esquisita, essa.
4. Desculpe aí, companheiro, você que está esperando a banda passar, mas insisto: o que acontecerá em maio ou quando a Abap quiser será importante demais pra gente ficar indiferente agora. Ali será ratificado ou retificado tudo o que ocorrerá pra frente. De bom ou de mal.
Os homens não querem passar a bola pra gente? Tudo bem, vamos chutar a deles.
Eles vão nos botar na solitária, isto é, na rua? Tudo bem, a gente arranja outro emprego e chuta outra vez. Até se cansarem. E deixarem a gente participar do jogo.
*a democracia da bola, do eloy simões, no acontendo aqui)
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