sexta-feira, outubro 13, 2006

tiros no pé matam. e não sou só eu que acho

1. Gordura, pequena vila do município mineiro de S. Gotardo. No único boteco do lugar dois amigos tomam a habitual cachaça. Entre um gole e outro conversam animadamente. De repente, sem que se saiba por que, decidem duelar. Combinam a distância, conferem os revólveres, vão para a rua.

Ninguém interferiu. Todos achavam ser mais uma brincadeira deles.

Não era. Na distância combinada, fizeram o sinal acertado, sacaram as armas. Um acertou o outro. O outro acertou um. Ambos morreram ali.

Até hoje, o acontecido corre de boca em boca entre os que ainda vivem naquele lugar.

2. Na produtora, o responsável digitou: “orçamento 1”. Conferiu, exclamou: “perfeito!”. Colocou o nome do Cliente, chamou o contato,determinou: “leve para a Agência”.

Embora acostumado com aquilo, o contato não se conteve:

“Puxa vida, como você é rápido!”

“Rápido coisa nenhuma. Roteiros para esse tipo de cliente são sempre Iguais”.

3. Anos vêm anos vão às dezenas, é sempre do mesmo jeito. O mesmo título, o mesmo layout, o mesmo argumento, as mesmas promessas, a mesma falta de critério na escolha dos tipos, o mesmo roteiro. Até modelos e atores são parecidos.

Estou me referindo à publicidade imobiliária.

4. Os clientes, geralmente corretores ou ex, exigem que assim seja, as agências – quando existem agências – se submetem com medo de não perderem faturamento. Cegos, não percebem que, na verdade, todos perdem.

5. Por falta de criatividade, as mensagens não têm a eficácia que poderiam ter. Em conseqüência, os anunciantes não vendem o que poderiam vender. Perdem, também, a oportunidade de agregar valor à própria marca. As agências, por outro lado, desperdiçam a oportunidade de enriquecer o portfólio e de estimular o pessoal de criação, que se frustra ao ter de botar mensagem medíocre nas ruas. E no entanto – o que é pior – todos fingem estar felizes.

Vão para a rua, sacam suas armas e duelam silenciosamente, aparentemente satisfeitos. Mas a história mostra: salvo raras exceções, mas cedo ou mais tarde, gravemente atingidos pela mediocridade, tombam. Mortos.


O duelo. mais uma palinha do eloy simões(no www.acontecendoaqui.com.br) enquanto a gente apronta " o que é que a norah jones tem a ver comigo, com você e com a propaganda que eu faço?". enquanto isso jornais do domingo, mortos de véspera no sábado, bem aí com os imobiliários feitos de encomenda para nos dar razão.

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