o blog que dá crise renal em quem não tem crise de consciência. comunicação, marketing, publicidade, jornalismo, política. crítica de cultura e idéias. assuntos quentes tratados sem assopro. bem vindo, mas cuidado para não se queimar. em último caso, bom humor é sempre melhor do que pomada de cacau.
sábado, outubro 21, 2006
descascando “ a idade do layout lascado” ou os flinstones podem- e devem - ser tão ou mais criativos do que os jetsons(parte 2)
sem leão de titânio voudejeg
chego a olinda. a primeira capital da cultura brasileira. onde, of course, há internet e toda uma rede de ferramentas de comunicação axilares à propaganda dita moderna. mas onde a pedra de toque são bicicletas, tipo bagageiro de carga na dianteira, acopladas por caixas de som, simbiose escalafobética que as deixam produtoras de estupefatação capaz de causar inveja a muito trio que se diz elétrico.
é a mídia preferida das galerias que se auto-entitulam shoppings. e dos pequenos estabelecimentos do tipo farmácias, oficinas, mercadinhos, salões de beleza, entregas d´água e gás. depois das bicicletas, concorrem com os gadgets comunicacionais, filipetas e famosos panfletos entupidores de caixa de correspondência, como sempre em sua ineficiência “ às tuias”.
vem a calhar que assim seja nesta cidade, porque propaganda é cultura, ou não é ? e olinda é a cidade da cultura – e da prefeitura – ditas populares.
por mais que eu tente fazer ouvido de mercador, afinal todo publicitário que se preze – nem precisa morar em nova iorque - imagina-se inatingível por sistema de auto-falantes, sabe como é, mídia de pobre, cheiro de pobre, mas como todo e qualquer consumidor, interesso-me por aquilo que quero comprar ou por aquilo que me desperta um possível desejo de compra. neste caso, um cybercafé mais próximo, que é o que anuncia a tal bicicletinha, numa altura infernal, que mais tarde descubro chamar-se ou pertencer a “ramos propaganda”.
sobre o tal cybercafé a “bicicletinha” despeja texto inspirado nos predicados e qualidades: e tome de velocidade de ferrari, computadores da nasa, preço de banana, instalações de motel. enfim, a tal bicicletinha encheu-me os ouvidos de tantas e tantas coisas até o som ir desaparecendo minutos após sem que eu fosse informado do endereço que era a esta altura o que mais me interessaria no momento. faltou a mão de uma trinca em mais este desastre que acometeu em meio pra lá de rudimentar? piece of cake de redação que nem precisa estagiário, secretária fez ela mesma?
ai você, se chegou até aqui, me pergunta, este trelelê todo pra dizer mesmo o quê ? e o que isso tem a ver com o artigo do anselmo ramos que originou a parte 1 disso tudo ?
elementar meus caros advertiser´s man´s, and womens.
primeiro, porque vivemos ainda – e por muito tempo – no mundo dos flinstones e não dos jetsons, como a moçada do primeiro time quer nos fazer acreditar. e como a moçada aculturada quer se fazer acreditar. vivendo de fantasmas como se não houvesse ainda tantas etapas por queimar. aliás, converse com qualquer publicitário local e pela conversa dele pensará também que está em mineapólis ou no vale do silício, apesar dos mil e duzentos reais que ganha(acabou de ser aumentado). o que certamente desanda num país como o nosso, onde dentro da nossa nova iorque, são paulo, existem continentes de bicicletinhas. nem é preciso dizer a quantidade de “bicicletinhas” existentes na segunda capital do paquistão, manhatan.
segundo, atualização é uma coisa, atuação é outra. por isso mesmo os publicitários bem sucedidos tem uma mania de achar que vivem no mundo dos jetsons(o símbolo deles, agora é i-pod, no brasil. lá fora, algum tipo de cachorro robô – esquecendo que massa majoritária, de consumidores e criadores, tem os dois pés ainda no mundo flinstone e antenados nas bicicletinhas que passam – e se elas se multiplicam é porque tem serventia de público - e que sem este conhecimento, não consegue pedalar, com eficácia na ladeira acima, ladeira abaixo da profissão, porque 99 por cento dos mercados é flinstone. o que não o exime e a sua agência e do conhecimento e prática de todos os procedimentos. incluindo os do 360 grados aplicáveis até aos raios da bicicleta. se for necessário ou possível usar tal veículo ou ferramenta. mas nunca por pseudo-sabedoria.
terceiro, a propaganda, sim senhor, e de boa qualidade, existe também fora de nova york e são paulo, em lugares que você nem imagina que existam. e cujos veículos prioritários são muitas vezes impensáveis e desprezíveis geringonças e gambiarras outras que fariam as tais caixas de som soar à surround. assim como há mercados, em que para pegar o briefing, há que se andar na selva, onde existem outros tipos de leões, literalmente. e que sequer precisam de ferramentas outras que não sejam uma boa idéia adequada ao mercado onde você atua. bodoque(estilingue) e não games plasmáticos. e que provavelmente não vai lhe dar nem carrapato de titâno, quanto mais leão. mais ainda assim, repito, não são desculpa para você ignorar o que acontece. afinal, informação é sempre bom. afetação não. caso contrário você ainda vai sugerir fazer um campanha de titânio para o cliente bicicletinha que vai rodar e rodar sem informar o endereço.
quarto, assim com o redator da bicletinha, que não teve a preocupação de cronometrar o texto em função da média de velocidade e alcançe dos alto-falantes, operação que nem chega a analógica, é flinstoniana mesmo, para fazer a redação dos atributos do produto com intercalação do endereço (telefone não é aconselhável, porque consumidor não tem memória de cliente nem de contato) tem muito redator das chamadas novas tecnologias que não sabe fazer nem uma coisa nem outra(nem só, pior ainda em dupla, em trinca, pandemônio) por que cá pra nós, muita das novas tecnologias, desmistifiquemos, podem analogicamente ser tratadas como iguais: assim um banner, pode ser encarado como um selo. coisa que muita gente não sabe, já foi mídia(redigir para um selo é tão ou mais difícil e instantâneo e sintético quanto, além de exigir mais criatividade).
quinto, que a questão, trabalhe você em comunicação global ou não, não é dupla, trinca, e sim, a solução certa para o problema certo no mercado e produto onde você é confrontado, de acordo com os meios que criativamente saiba explorar. verba não é determinante na maioria do casos e não contrário como querem “astutos” fazer parecer.
a solução certa para o problema errado que é o que mais acontece por aí. ninguém sabe perguntar. ninguém procura saber qual é o problema certo. mas tem pastas cheias de soluções, de preferência com ferramentas avant-gard que é para se dizer antenado. chego a dizer que isso é pior que a solução errada para o problema certo. e tudo no afã de querer mostrar idéia de jetson pra mercado flinstone, o que decididamente não resolve. já idéia flinstone para mercado jetson, as vezes até cola como retrô.
portanto, lascado está, não é quem é da idade do layout lascado. lascado está quem tem idéia lascada pela síndrome de jetson, no afã de substituir aparição em cannes pelo "Yabba-Dabba-Doo!”da solução pertinente.
e digo-lhes mais o seguinte. não há um só jetson que tenha feito nada melhor que o “flinstone” bill bernabach.
p.s. dino também é muito mais esperto do que qualquer cachorro robô metido a “astro”, que este também sabe quem amarra e quem não amarra o chinelo.
a título de curiosidade: os jetsons, criados em 1962, eram considerados os flinstones(criados em 1960) do futuro. será? foi?
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