quinta-feira, fevereiro 02, 2006

baiano burro nasce morto

de volta às atividades, o clube de criação da bahia, larga na frente com uma carta convocatória a um olhar crítico a produção da propaganda baiana. se demagógica ou não, o tempo o dirá. por agora, nada mais oportuno e necessário.

muito pelo contrário, seus congenêneres na recuperação de outros clubes, como o de pernambuco, por exemplo, ficam degladiando-se em sua aspermia egocêntrica de interesses umbigais. fato não deturpado, este núcleo fugidio a toda prova, pratica a total falta de auto-crítica as remelas de uma nordestinidade subdesenvolvida, que consideram tentativas fantasmas de cópias de anúncios da archive, a prova de que a região dispõe de profissionais cujas peças se estivessem em premiações daquelas que não participam seriam primus inter pares.

enquanto isso os jornais que contem as reais criações desses mesmos senhores tão rigorosos em seu sprit du corps - patotagem minha gente, igrejinha - fede antes mesmo de limparem as sobras do mercado.

acorda cambada! que por sua postura até os coitados dos avestruzes estão morrendo de fome no mercado. a questão não é ter ou não talento. a questão é é que este talento não está sendo suficiente para solidificar negócios noutro nível, que não seja o da genuflexão ao que de pior existe: a falta de caráter da propaganda nordestina como manifestação de sí mesma enquanto geradora de novos códigos de comunicação dos valores da nossa terra.


"Nasceu o novo Clube de Criação da Bahia.

Como presidente eleito pela instituição, coube-me redigir a carta aberta ao mercado, informando os objetivos do novo CCBA.

Antes, porém, quero registrar um pensamento que, se está sendo lido, é somente porque concordaram com ele todos os membros do Clube:


...penso que a propaganda na Bahia vai mal.


Não me refiro a quantas anda o mercado sob o ponto de vista da economia, mas exclusivamente à qualidade criativa da propaganda.

Sinto-me à vontade para falar sobre o assunto porque me incluo entre aqueles que nada têm feito para melhorar o cenário. Temos sido referências de nós mesmos e estamos presos em um mundinho que deveria ser do tamanho do universo, porque somos baianos. Dizem que "fazemos propaganda regional tão boa quanto as propagandas nacionais". E digo que não há nada mais desagradável que ouvir uma afirmação provinciana como essa. Precisamos lutar contra esse genoma de colonizados que nos impele a aceitar como verdade aquilo que vem de fora. Nós, criativos da Bahia, já fomos ícones da criatividade brasileira e agora somos meros sobreviventes da publicidade; essa é a mais pura verdade. Contentamo-nos em estar respirando e apenas. Estamos estandardizados. Viramos commodities.

Está certo que o mercado já não é mais aquele garoto virgem dos anos dourados, que chegava ao orgasmo só de ver uma panturrilha. Ele está mais exigente, porque já conhece de tudo. Fica cada vez mais difícil oferecer-lhe algo realmente inovador, capaz de satisfazê-lo plenamente. E aí, nesse grande problema, estaria a tábua da nossa salvação, não fosse a maldita e nefasta acomodação. Este texto, meus amigos, talvez um pouco exagerado em seu pessimismo, é contra esta. Contra o adormecimento que nos tirou o protagonismo na história da propaganda brasileira.

O novo Clube de Criação da Bahia tem como missão reencontrar o caminho da criatividade em nosso mercado, buscando promover a melhoria constante da qualidade criativa na propaganda baiana. Além do Anuário de Criação, planejamos realizar oficinas de criação para as universidades, workshops para clientes, palestras sobre a importância da criatividade com profissionais de dentro e fora do mercado baiano e, ainda, o concurso que visa premiar e incentivar os clientes que apostam na criatividade. Para poder cumprir sua missão, o novo CCBA espera contar com o apoio de todas as agências, veículos, produtoras e profissionais envolvidos com a atividade da propaganda na Bahia. Porque reencontrar o caminho da criatividade é importante não apenas para os profissionais de criação, mas também para todo o mercado publicitário. Sem criatividade, chegará o dia em que não conseguiremos vender mais nada. E, por motivos óbvios, nem os nossos serviços para os anunciantes.

Maurício Carvalho
Presidente do CCBA"

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