o passaralho é um espécime brasileiro que tal como as abelhas outrora africanas resolveu mudar de ares. como passaralho não zune, canta, em vez de ir para os states, aclimatou-se em terras lusas, para evitar os dribles da lingual, ainda que tenha de fazer uso do dicionário para rever-se em sinônimos onde não se reconhece ab ovo.
passaralho agora é reestruturação. podia ser pior, caber-lhe-ia, tivesse mudado anos antes, a alcunha de reengenharia. por hora vai se ficando por isso mesmo. mas atende por corte, dispensa, eliminação de supérfluos, maximização operacional, gestão racional de elementaridades, puxão de orelhas da matriz, sadomazoquismo do conselho de acionistas, sabe-se lá o quem vem com as tendencias. mas sabe amargo para quem vai embora e doce azedo para quem fica.
estertores de 2005 e engatinhos de 2006. por mais que regados a espumantes e taninos de boa cepa, não abrandaram o queimor de notícias que soam como castanhas em brasa descendo pelo nervo trigêmeo rumo a garganta. garganta por mais que molhada deglutindo à seco sua “desova” laboral. golfada que devolve o que entrou pelos ouvidos, olhos ou nariz, primeiro a detectar aquilo que cheirava mal.
após dispensas, que dedos de pés e mão não cabem para contar, na mccann, FCB, segue-lhe passos e elimina cerca de 1/3 dos postos de trabalhos segundo informação que chega aos trópicos boiando em merda. estes não estarão sozinhos, deduzem os analistas de mercado, aves de maus agoiros ? pois não se fica por aqui o espetáculo do crescimento(sic!) destas agencias que tanto alardearam mudanças rumo ao nirvana. sempre cutucado com o tridente da germinação de produto criativo de visibilidade e eficácia para todo o mal, amém. como sinais há de fusão nuclear na Y/R e MKT, só para citar mais algumas, deduzam-se já aqueles que vão se foder de vermelho e verde que o buraco é mais embaixo. que o condor tem mesmo uma envergadura entre asas mais alargada impossível, e que rapina, não se enganem, sem detalhar maiores especiarias que 3 ou 4 criativos, erretevês e salve-se se puder a mulher a dias e a rapariga do cafezinho poupado foi algum lambe-cu ?
no brasil, o passaralho, primo terceiro-mundista do condor, também tem apetite voraz, porem sazonal. entram contas, ele hiberna. saem contas, ele resurge como fenix de onde menos se espera. normalmente das cinzas no piloro de quem já se desespera de véspera quando convidado para alguma feijoada, almoço de confraternização ou happy hour. principalmente se nunca o foi. acontece também com mudanças de controle acionário ou com a volta do nizam, como já foi noticiado.
o contrate-se, demita-se, demita-se, contrate-se, funciona como um elástico que segura seus calções. vai afrouxando e um dia não os segura mais. e você fica eternamente fora do mercado literalmente com as calças na mão. publicitários foram criados para gostar de viver perigosamente, no passado, claro. hoje não existe mais este espírito já que tudo e todos jogam para o certo e onde, até ontem, o empate era uma vitória. despedimentos assim, são sinais de que agora os team vão jogar para vencer? mas não diziam estes que estavam vencendo de goleada ?
este entra e sai, turn-over, pra ficar mais chic, foi a escola de toda uma geração que viveu crises e crises na propaganda braslleira a ponto de já nem mais se preocupar com isso. fazia parte do jogo e, na iminência de ser estuprado, relaxava-se e gozava-se o que se podia o que não era pouco, a ponto de ficar-mos roucos.
não é o caso do mercado e mercado laboral português. onde pecularidades legais, e ilegais, - se você for imigrante então, xíiiii - muitas vezes fazem com que mesmo contratado você esteja desempregado de antemão. e o vice-versa só aconteça para para os que se adequam aos estatutos do estar na berma mas não em demasia, que isso é sempre perigoso, para ambas as partes?
ainda alcancei tempos onde mudar de emprego era considerada falta de amor a camisola, mesmo que suas ceroulas estivessem estropiadas até não poder mais. como as coisas mudam, mudanças culturais demonstraram que a velha cultura do emprego seguro – em publicidade ? – nem se o PCP chegasse hoje ao poder. o que é um absurdo idêntico a achar um absurdo que tais dispensas, independentemente de serem justas sob o ponto de vista humano ou profissional, devessem a todo custo, ser evitadas. onde há contratação há dispensa embora já o dissemos, o vice-versa encolha cada vez mais. a questão de fundo não é esta, embora vá fundo em quem recebeu o bilhete azul.
as reestruturações tornam à tona velhas questões sobre estruturas que querem inovar-se de fora para dentro, já que de dentro para for a, a única coisa que fazem são mesmo os despedimentos. se observarmos, quase seriam cíclicas, frutas de vipes, de alguém que resolveu colocar as coisas no lugar, tornando a tarefa mais fácil com o ambiente esvaziado a primeira instância. não é o caso de dizer-se que seriam necessárias para a formação de um novo time, porque vão jogar o jogo de sempre.
inchadas, onde não devem, verdadeiros trens da alegria para muitos, estes que raramente saem, muitas agencias tornaram-se cabides de empregos para cerébros lentos que assim se tornaram por uma desfunção da sua função precípua: gerar idéias. para gerar idéias o ideal é ter-se attitude para com os neurônios e não a prevaricação dos glúteos a mostrar serviço — ganhar prêmio também é mostrar serviço, o que é bem diferente de fazer, executar, o serviço. a tal diferença entre a eficácia e o ser eficaz.
depois da separação do sorrell, algumas redes parecem ter descoberto que é melhor san francisquinar o enxoval. mas quem tem coragem de mandar embora a sogra abastada no sofá da sala ? algumas até dizem que 2006 marcará a tendência do finalmente apogeu? do formato hot-shop. não só porque algumas “pequenas agencias” conquistaram grandes contas – não foi assim o começo de muitas agencias modelo que se tornaram obesas ? para além do fato de estruturas assim serem mais ágeis, adaptáveis e permeáveis aos novos modos de comunicar marcas. lowe ventilando já a possibilidade de reduzir sua rede de 85 escritórios, agregando-os a outras umbrellas para se afinar hot-shop.
a questão que se coloca é, para além da constatação, se for este o caso, da má gestão que encharcou estruturas de mão de obra plenamente dispensável— mas ora, este povo não cagou e caga tantas regras sobre primados de eficiência de gestão, dando, na verdade mais levando, petelecos no dos clientes ? ou se isto não passa de um starting over de pra ingles ver ? maquilhagem da busca da eficiência talhada tão-somente pela redução de custos, ao fim e ao cabo revertida em favor de quem?
da unidade local? da marca ?da rede? do cliente? da sociedade ? do consumidor ? não é dele a última palavra da operação ?(tu o disseste).
claro, claro business is business. e números vermelhos, há que os ter sempre verdes, eurononianos, que dólar é moeda agora dos lá de for a mas que ainda tilinta com muita pinta.
que influência primal terão na geração da qualidade de comunicação de marketing de marcas, para além dos ajustes dos números, as dispensas em massa: cinzenta ou unicamente “incolor” ?
passaralho e condor enxergam apenas em preto e branco ou mutatis mutandis tornaram-se daltônicos ?
A reestruturação é sinônimo de demissão. O alcance das capacidades destes supostos gestores só chega até aí. São medíocres travestidos de gurus. incapazes de rentabilizar as estruturas que têm, cortam. Mergulham as equipes em caros e inúteis concursos, mantém accounts baratos que acabam por encarecer a estrutura por causa das constantes alterações resultantes de briefings mal passados, são incapazes de conhecer todas as potencialidades do meterial humano que acaba subaproveitado. E, no fim de tantas decisões equivocadas, escondem-se atrás de palavras comio crise, retoma, reestruturação e mandam embora justamente os que mais se esforçaram por cumprir o que foi determinado pelo verdadeiro culpado do fracasso. Os mesmos que demitem, e que privam os demitidos de uma vida minimamente digna, são incapazes de viver sem estarem cercados de diversos privilégios. É a filosofia do: "antes ele do que eu." Para quem fica, o prêmio é o mesmo salário de há 5 anos e a responsabilidade de ter que trabalhar por dois ou mais. Também convém tirar uns minutos de folga da insatisfação para rezar pra que não seja o próximo despedido. Enquanto isso, o incompetentes fazem pose para impôr aos outros as fórmulas do sucesso que nunca conseguiram aplicar na própria estrutura.
ResponderExcluirAnônimo, não, o comentário abaixo é meu.
ResponderExcluirQuero dizer, os comentários acima são meus.
ResponderExcluir"BBDO. A melhor agência é também a mais barata."
ResponderExcluirRealmente, isto é o que eu chamo publicidade barata.
e eu que pensava que BBDO significava bom, bonito e por demais oneroso.
ResponderExcluirAlô, Vasco. Vivos e aparecendo?
ResponderExcluirLi esta frase hoje, vejam só:
ResponderExcluir"O património das empresas japonesas são os homens. As empresas que não pretendem que os empregados tenham acesso às suas riquezas estão condenados a enfraquecer."
Masaharu Shibata, vice-presidente da principal organização patronal do Japão
caro condessa: o grande chefe da WPP e agora também, segundo o pedro doria, delfos, diz que em 2007 a propaganda vai arrebentar. em 2007 e não 2006. que diz ele também não vai ser tão bom mas melhor que 2005. claro! vai precisar do ano para recuperar-se do rombaço de estaleca que seu divórcio lhe causou..
ResponderExcluirassim, o seu, quiçá futuro retornado ou retornado preferido um dia, faz votos que do outro lado do oceano coisas boas venham a acontecer, torcendo para que você lidere camisolas a isto. lamento não ter a pretensão de dizer que se aí estivesse certamente estaria contribuindo, pelo menos para abanar o juízo dos mesmos que acham-me estabanado.
quiçá, também, há pequenos indícios, "até no porto", de que portugal descubra que há lugar para pequenas e médias agências - e que o caminho é este, difícil sim - mais aptas a atender melhor, e sobreviver melhor, prestando um trabalho melhor - em todos os sentidos - para os clientes, reabilitando o conceito de troca de valores midiáticos a pagamento justo.
sempre julguei non sense o fato de em país de economia pequenina termos mastondontes da publicidade a sangrarem o estado e seus funcionários pelo nariz.
isso evidentemente não pode ser fruto dos despedimentos determinantemente. e sim de homens de visão e criatividade que sabemos portugal tem.
podem estar com os tomates gélidos. mas que tem, tem e os tem no sítio.
cuidado teria apenas de ser tomado para não se repetir aquela velha piada dos dois publicitários numa barraca de camping em que um diz para o outro: está agência está de menos para nós dois. vou sair e abrir a minha.
ao final, sinto muito que na FCB em vez dos ventos que trazem o cheiro das castanhas do marquês sinta-se um cheiro de neurônios queimados.
nestas horas percebe-se a diferença entre ter um presidente para o cargo e um líder para o mercado.