segunda-feira, julho 25, 2005

e também o publicitário. ou não ?

o poeta, o artista, o detetive – quem quer que aguce nossa capacidade de perceber tende a ser anti-social; raramente “ bem ajustados”, não podem seguir as correntes e as tendências. um estranho vínculo existe entre os tipos anti-sociais por sua capacidade de “ ver” os meios ambientais como eles realmente são. essa necessidade de contrapor, de confrontar, os meios ambientais com um a certa força anti-social, é manifesta na famosa história, “ as novas roupas do rei “. os cortesãos” bem ajustados”, por terem interesses a defender, viam o rei belamente ataviado. o fedelho “anti-social”, não condicionado pelo antigo meio ambiental, viu claramente que o rei estava nu. o novo meio ambiental era claramente visível para ele.
mcluhan, in the medium is the massage, bantan books inc, 1969 que volta a ser estranhamente atual depois de ter sido o pequeno príncipe da década nas leituras de comunicação.


relendo o trecho, digo que talvez boa parte de uma certa crise de identidade e criatividade na publicidade deva-se exatamente a isto. o excesso de exposição da atividade publicitária; a socialização em demasia que resultou no estrelismo a ponto de verem-se homens de criação como semi-deuses(alguns,alguns) e no golpismo que ora se vê.

a mundanização está na raiz desta crise de valores, liberdade e, consequentemete criatividade.
gasta-se muito tempo usando a mídia, não como ferramenta e sim como trampolim para o vazio, que esquece-se do primado da busca “anti-social” das idéias que podem realmente fazer a diferença entre o lugar comum arrumadinho ao gosto do freguês e bem produzido e aquilo que realmente é original e com vida própria, portanto capaz de seduzir – sedução há quanto tempo você não ouve, pratica ou aprova esta palavra ?- consumidores e por isso mesmo de valor e efetividade indiscutível.

foi assim que o negócio da propaganda consolidou-se: por fazer a diferença diferente. depois algum idiota convenceu a todos de a grande idéia era buscar a “pertinência” o que originou uma enxurrada de campanhas pertinentes mais completamente ausentes de id e super ego. apenas ego e sentenciadas a seguir tendências para além das detectadas antes da formação da onda.

onde estãrão os fedelhos de todas as idades ? publicitários que em vez de frequentar bares da moda, colunas socias, convescotes moldados em forma de workshops e seminários,casas na cap ferrat, preferiam trancafiar-se até que a idéia encontrada valesse, por melhor que fosse, não mais que um porre no botequim da esquina?

se o negócio não recuperar a mística da criação não haverá mais negócio antes do fim da década.

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