o blog que dá crise renal em quem não tem crise de consciência. comunicação, marketing, publicidade, jornalismo, política. crítica de cultura e idéias. assuntos quentes tratados sem assopro. bem vindo, mas cuidado para não se queimar. em último caso, bom humor é sempre melhor do que pomada de cacau.
quarta-feira, fevereiro 04, 2015
notória ignorância
O meu projeto não era reformar isto ou aquilo na publicidade brasileira. O meu projeto era revolucionar isto mais aquilo" Alex Periscinoto.
o homem que implementou, na teoria e na prática, o conceito de duplas no brasil, de arrasto o de diretor de criação, que comandou 27 duplas, que criou uma agência de estagiários (pagos), que fazia trabalhos de gente grande, só fez o primário, infelizmente, disse ele, felizmente digo eu.
seria então, o ignorante (para a maioria dos leitores imbecil, emplastro que normalmente ata-se aos ignorantes cultos) que vos fala, a favor do não conhecimento para realização na profissão ?
claro que não. eu não sou - e vou morrer não sendo - é a favor dos cursos superiores(altos níveis baixos)de publicidade e da exigência de diploma para o exercício da profissão onde o conhecimento não acadêmico - e o acadêmico só de formação plural, e olhe lá hoje em dia - são muito mais formadores e inspiradores daquilo que podemos chamar, saudosos, do verdadeiro profissional de propaganda ou publicidade, cuja diferença conceitual é assunto de programa que consome semestres de formação acadêmica para dar em nada porquê agência de publicidade e agência de propaganda é tudo a mesma merda se o trabalho é igual a dita cuja.
pobre desta geração uniformada, por um corpo acadêmico que é um verdadeiro anti-corpo à profissão, deformando, acima de tudo, em vez de apetrechar a capacidade que só a prática, a vivência, intelectual e existencial, consegue aparelhar ao longos dos anos - e árduos anos - o profissional que possa se chamar de sênior, coisa que hoje em dia, é título que já se ganha mal pagou as primeiras prestações do curso comprado. eu disse comprado? vá lá, financiado, com prazo curto que é para se perder de vista um certo entusiasmo inicial.
quem teve, como eu, a felicidade de viver um ambiente de agência, onde conviviam - e não só na criação - homens(e mulheres) de letras, sociologia, jornalismo, engenharia, direito, química, arquitetura, biologia, medicina, e o que mais improvável você pensar, incluindo não formados, sequer no ginasial(publicitário de agora não sabe o que é isto) e outros sim, no instituto universal, para não falar do estúdio onde um ninho de vespas fabricava mel, assentado em habilidades técnico-artísticas que nenhum photo-shop consegue alcançar, sabe bem mesmo sem saber a tradução o que é uma weltanschauung (publicitário de agora não sabe o que isso significa, tá vendo uma das diferenças?)(vou poupar-lhes da corrida ao tio google) uma visão de mundo plural que as agências espertas em vez de justapor, sabiam caldear como ninguém gerando uma feijoada, uma dobradinha, um sarrabulho, um cozido - publicitário de agora só come de pauzinho, outra diferença - cujo tempero era uma propaganda emocionalmente apimentada e brasileiríssima nos seus erros(menores)e acertos(maiores) - outra diferença em relação a inversão que se vê agora - e que tornava-se assim parte integrante da cultura de um país.
fazer propaganda agora é como trepar com boneca de plástico. tão perfeitas nos detalhes, nos ais e uis, mas sem vida, sem gosma, sem chaves de cu, que exigiam dos fornicadores de antigamente uma sacana sagacidade de desvencilhar-se disto com uma elegância que não deixava de ser sacana ao tempo que, inúmeras vezes, desvencilhavam, a si e ao público consumidor, de preconceitos e censuras em tempos de regime onde a grossura era tamanha que a vista grossa não se permitia.
a propaganda que este senhor profissional nos apregoou ensinou um povo a escovar os dentes. agora nós estamos ensinando a quê ? cuspir no prato que comeu? ou limpar a bunda com guardanapos ? porra! que tempos de merda. nem patchuli peidamos mais.
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