quinta-feira, dezembro 18, 2014

telling stories sim, storytelling não



sucesso em propaganda, por maior que seja o trabalho consistente - e o talento - é meteoro ensandecido. que se imagina cometa do comigo ninguém pode. até porque há quem faça sucesso sem trabalho. e sem consistência. mas estamos falando, aqui, de gente com capacidade de trabalho e talento acima da média.

como em tudo nessa " vida profissional marvada", nada dura para sempre. mesmo os protagonismos de quem trabalhou e trabalha muito para isto. então, chega uma hora, em que mesmo os mais fundamentais e absolutamente profissionais parecem querer fazer o seu trabalho emergir sem periscópio embarcando - ou criando a sua - em qualquer onda. e o que é pior: o fazem como antevisão(ante e não anti, suas antas) do futuro. matéria em que publicitários - na prática, e na teoria - são um fiasco.

é nesta hora que passam a produzir os chamados factótuns que em nosso idioma ganhou uma derivação para além do significado original, que é a referente ao indivíduo que se julga ou se mostra capaz de tudo resolver. e que pela derivação referida passou a ser também o que é capaz de produzir fogos de artifício como munição que: em vez de abater o inimigo, ou criar alicerces, a curto, médio e longo prazo, desanda a profissão e alimenta o fosso do descrédito. isto vem acontecendo década após década, crescentemente(o descrédito) pós fase chamada de ouro da publicidade. a fase atual, de que seria mesmo? de platinum ? é o que dizem. mas quem paga para tanto, para além do prêmio, nunca acha que vale 

o estratagema ou o factótum tem sempre a mesma função: atrair ou chamar atenção para si ou seu negócio, através de fogo de espoleta, quando a "aura" - e o bolso - começam a se esvaziar.

na publicidade já tivemos denominações desprovidas de conteúdo as dezenas, como augúrios de novos tempos e xamãs de resultados inquestionáveis. bellow disto, above daquilo, unidades de inteligência x(é preciso ser muito displicente para criar uma denominação que afunda o resto dos departamentos) do 360º, do planejamento estratégico, que recebeu mais prolongamentos adjetivados do que botox em cara de socialite e por ai vai. a lista é longa e vazia, como o são todos os factótuns. até chegarmos ao storytelling. sendo que tudo isso não passa em maior ou menor grau do desmembramento das expertises " agenciadas" pelas chamadas agências de serviço completo, ou full time como queiram, dos bons tempos em que redator escrevia argumento que baste. roteiro já era outro departamento que a agente contratava(agenciava). mais custos? bom, é melhor do que ter redator perneta metido a stoytellista. agencias de publicidade estão se tornando " a malhação" do copy. e quase ninguém se salva. e por favor não me venham falar no on-line como divisor de mundos que tanto num mundo como no outro, existe picaretagem, mediocridade, e inteligência. até agora bastante limitada no meio. o mundo on-line está devendo. e convenhamos que já teve tempo para dizer a que veio. afirmo isso apesar das novas categorias de cannes exacerbarem o poderio das ações(outro factótum) até não mais poder. o ditame das redes sociais também é outro fenômeno cuja genealogia torna-se mais misteriosa do que parece na mão dos publicitários que enxergam nela a manipulação(por eles)de um poderio que não tem e jamais terão. quem não sabe escrever não produz comandos eficientes calcado só no visual.

mas o que interessa dizer é que: minha nossa! nunca vi tanta coisa ruim como hoje em dia cognominada de storytelling. publicitários -redatores principalmente - que sempre calcaram seu trabalho como contadores de (boas) histórias(piadas nem tanto) que se tornaram ícones da comunicação/propaganda, chegaram a um ponto tão rasteiro que mesmo um peidinho de texto que seja é a saga de tal reductio que nem sequer é absurdo. é medíocre mesmo. basta ver o lázaro ramos, narrando as tais apalavradas storytellings de conhecida marca de automóveis. hão de se recordar muitos que se apresentássemos tal estória, como outras que estão veiculadas(na internet principalmente) não só seriam reprovadas como certamente não terminaríamos a semana no emprego. e sabe o profeta quem arriscaria nos contratar. mas há quem ache nisto de agora uma grande piada e dê risadas. talvez porque contando a mesada em que se transformou o salário dos storiestellings, só rindo mesmo. e cá pra nós, o lázaro ramos jamais será o grande otelo, mesmo "herdando" suas caras e bocas e alguns maneirismos. esta é a diferença entre quem conta estórias e quem faz história. fazer história contando estórias? bom, os clássicos, conseguiram. os storytellistas duvido muito. 

e se dúvida houver, retire a imagem e veja o que sobra dos tais storytellings. se, como dizem, isto é o futuro presente da narrativa na propaganda - e na comunicação - é urgente que estejamos de volta a outro futuro, o quanto antes. caso contrário, cada vez mais, sobre o copy publicitário, só ouviremos estórias más, que ninguém quer ou irá recordar e sobretudo maldizer quem as contar ou cantar, ainda que seja em loas por descrito.



in tempo: neste momento, um dos maiores talentos que conheci, e com quem tive o prazer(onde está agora o prazer nesta atividade?) de trabalhar e aprender(muito), edson das neves athayde, é um dos embaixadores do storytelling, mundo e inclusive brasil afora, fazendo disso seu cavalo de troia para sua reentrada triunfal? na fcb portugal. a questão é: para além de seus milhares de seguidores no facebook, que onanizam-se a cada testículo(muita bobagem; o.k. a vida é cheia de bobagem e sem bobagem não há piada)publicado, onde está o trabalho, sua marca de sempre, a ser mostrado pela fcb para além das tardes das segunda-feiras onde os fcbelistas storytelizam-se à torto e à direito? certamente não vai ser com o storytelling de cambitos que a fcb vai regurgitar marcas que andam a se estropiar por lá. o factótum irá cansar antes de alcançar seus resultados? não sou eu que o dirá. oxalá esteja errado. não é isso que dizem todos aqueles que tem, nem que seja vaga, a certeza de que a história é outra ?



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