terça-feira, março 20, 2012

é espeto meu filho!

a propaganda ao que parece ainda depende muito da imaginação dos publicitários ou de coisas parecidas que não vivem sem um sogra. dicró se foi - ele pelo menos tinha algum molejo na sua grossura autêntica - mas as piadas sem graça sobre sogras, continuam. 
não se trata de apelar para o politicamente correto. houve tempo em que as sogras eram ranzizas(nem todas), tempo em que a liberdade dos costumes acima da linha não era nem de longe o que se vive hoje. daí tantas quizumbas com as ditas cujas.
acontece que os tempos mudaram. costumes e economia. a outrora sogra megera, hoje é a doce velhinha que segura as pontas dos filhos e dos filhos dos filhos dela, quando não da parentada toda consignada. tanto na casa dela, como no trabalho, eis a sogra que ressurge como a mulher maravilha(algumas até mesmo de cara e corpo, que a alma pelo que faz, nem precisa de botox). mas os publicitários que se dizem tão antenados não estão enxergando isto. e ainda teimam em situar a sogra como a mulher que você não pediu a deus e que o diabo rejeitou lhe mandando de presente.
estamos em 2012 e a profusão de piadas velhas, ruins, requentadas, não perdem o espaço, e o que é pior, ainda sustentam "conceitos", como por exemplo o do comercial do spettus, veiculado há algum tempo em tv, tornado pior ainda por conta do formato stand-up, que é tido como inteligente, mas que não passa de um palanfrório, de um parlapatório, de uma verbiagem. o que se pode dizer de um comercial onde a tônica é: a comida é tão boa que o genro vem até com a sogra ou comemorar alguma coisa com a sogra? e isso, sendo uma casa que tem lá seus atributos e que não precisaria ter azedado a inteligência e a sensibilidade das sogras que tanto o frequentam. é uma falta no humor sem perdão. e a confirmação de que o stand-up(uma invenção americana de 50 anos atrás, e não americana, como muita gente pensa) vai se tornando o rap dos humoristas sem talento, o funk do humor sem rebolado.

interior da grand caravan
o último trabalho que fiz utilizando a figura da sogra foi na década de 90, para a chrysler em portugal. o produto era a grand-caravam. o brief pedia para destacar o espaço enorme da viatura. o título ficou mais ou menos o seguinte: também leva a sogra. mas o espaço é tanto que vai parecer que ela vem no carro de trás. era isso ou coisa parecida. era pertinente, sim. o leiaute elegante, destacando o espaço interno ,sem sogra obviamente, e demais fotos da viatura. leiaute quase construtivista, se quisesse ser empolado. mas confesso que já senti que era pouco, se quisesse ser chamado de redator sem cacoetes. todo mundo riu, o cliente adorou. algumas sogras até brincavam: se me levas num carro destes até te faço um açorda de coentros. conclusão: estava sendo falsamente engraçado. não fui capaz de construir algo realmente novo, embora a formulação aparentemente o fosse. aprendi a lição.
se quer zoar a sogra, o recurso vai continuar a ser velho, vai precisar ser muito melhor do que ela para fazer algo bom. por isso, não dê razão a sua, quando ela diz que foi estúpida em aceitar um publicitário como gênio, quer dizer, genro.
p.s. a expressão usada para compor o título deste post, é tão velha quando piada de sogra; e a similitude pretendida da palavra com o anunciante citado no texto, é tão ruim como(mas como tem gente fazendo isto hoje em dia.)

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