quarta-feira, janeiro 25, 2012

o buraco de woody allen é mais em cima. o nosso, nem acima nem abaixo: de tão arrombado foi tapado

nos anos dourados da publicidade. coisa dos anos sessenta. um famoso publicitário, da área de atendimento, inclusive, ousou dizer, e há controvérsias que fosse em tom de facécia, ou chiste, como queiram, que a propaganda até que era um bom negócio, o que atrapalhava era o cliente.

muito tempo depois e muita água idem, rolada  por baixo e por cima  da ponte, já que agora somos o país das enchentes e como não somos dos diques, holandeses, graças a nossa eterna mania de tapar buracos com as mãos grandes e não resolver os problemas como se deve, o  mercado parece finalmente ter evoluído ou melhor dizendo mudado o papel dos atores.  

agora, publicitários não precisam mais se preocupar com o atrapalho dos clientes. são eles mesmo que atrapalham - e como!. aliás ninguém atrapalha mais que os publicitários. finalmente aconteceu o que ninguém jamais pensou ser possível, nem em brief para estagiário,  publicitários todos unidos. e olhe que publicitário unido era algo impensável até em filme da sessão da tarde, fazendo a coisa como não se deve: ninguém a favor da boa propaganda e  todos a favor da derrição do negócio. um roteiro de woody allen não faria melhor.

aliás, a grande falha de meia noite em paris é que não tem um buraco para o contigente em defeso, e indefeso, mui pequetito diga-se de, e por esta passagem, de publicitários não derricidas. de modo - e não de moda - a que nele se metessem para sair do buraco que estamos, reaparecendo nos tais anos dourados , lá  onde se podia deixar a causa dos problemas aos clientes, como sempre foi, e para nós o papel da solução.

como tal não acontece, ficamos então batendo cabeças, e também na parede, literalmente.
tal e qual batedores de carteira no metro, a espera de novos incautos da composição seguinte. frustrados - mas sem perder a pose, ó a pose de publicitário, jamais perdida, mulheres ricas perdem feio - por aquilo que julgávamos ser e ter de mais esperto e especial  do, e de quem quer que fosse, sem saber que estavámos transformando nosso negócio na pescadinha que morde o rabo, loop que simboliza o nosso flop, o que ninguém imaginou por mais inteligente e chico-esperto que fosse que aconteceria, e em tão pouco tempo.

pois bem: dizem alguns que isto é simbolo de renovação( bicho que come o próprio rabo, eu hein!)para os chineses, principalmente. não dúvido, pois está sendo. mas para nós e o nosso negócio, permitam-me duvidar de todo e qualquer tapado que quer cavar um buraco apenas para se esconder enquanto torce para que a onda passe, enquanto outros simplesmente aproveitam a desgraça para intrujar o butim.

não há nada de zen nesta onda. é o trem descarrilhado passando ai bem ao teu lado, se não em cima do teu próprio rabo, neste momento que está enfiado até o gargalo na tua boca.





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