domingo, abril 05, 2009

pois faz mal ao piloro de quem preza a cabeça o vinagre que não cuida dela

sabe-se dele que os gregos, romanos e egípcios já usavam o vinagre de sidra. pelas suas múltiplas utilizações na medicina popular e na culinária atravessou séculos marcando praticas e dietas, o que se mantém até hoje. seja como tempero, energético ou mitigador da sede, para além das suas propriedades ditas medicinais(combate de radicais livres, alguns tipos de câncer, pressão alta, gastrites, etc), eis que o “vinho azedo” acaba por ser ele sim néctar dos deuses.

porém, quando se assiste o novo comercial do vinagre minhoto, “minhotamente” algo desanda dos intestinos para os neurônios, o que sem dúvidas não é reação esperada às propriedades adstringentes, principalmente de quem se propala como segunda marca mais vendida no brasil e líder no nordeste.

há que de se constatar, com temerosidade, que o recurso do non sense habitou de vez as cabeças ditas criativas. cada vez mais é maior o abuso do recurso na forma de um uso sem noção, atabalhoado ao tal ponto em que o achado semiotico de tal comercial eflui, entre outros metáforas de carinho gourmand, ao ápice do verdadeiro“ abraço de tamanduá” que recebe um frango de granja escapelado no colo que suspira maternalmente ante aquilo que vai trinchar.

há quem ache o comercial engraçado, o que decididamente não é o meu caso. tampouco, creio que o rumo do ad absurdum seja o melhor caminho para a afirmação do tempero com carinho no contexto que se pretende inserido. digo desde já que soluções ex-machina requerem, elas também – coisa que também vem lá dos gregos – inteligência e sensibilidade para que construções metafóricas, seja qual for o produto abordado, não denotem apenas a falta de empenho, conhecimento e, acima de tudo, direção de criação, entendendo-se a direção e criação como coordenadas oriundas de todas as partes rumo a referencias de ordem estética e sensorial elaboradamente mais efetivas, e portanto criativas, enquanto eficácia de solução narrativa, outra coisa que também lá os gregos, egípicios e romanos, costumavam fazer muito bem, e com que tempero.

o vinagre brasileiro, dizem os connaisseurs ainda anda distante do padrão de qualidade internacional. sua propaganda então, ressente-se enquanto produto, do produto que se acha capaz de temperar. assim dito, que fique claro que vinagre – minhoto ou não – não é causador de flatulências. provém elas mesmo de outra ordem de coisas, pessoas e ingredientes.

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5 comentários:

  1. Podemos esperar o que, caro Celso, de pernambucanos que já tinham tentado vender água sanitária para um público jovem, com uma idéia criativosa de gaveta, gravada nas ruas de São Paulo e embalada numa estética pra lá de argentina? Creio que um bebê frango é só mais um passo na tentativa de levar nossa propaganda a um reductio ad absurdum.

    Um abraço

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  2. Seu grande problemas, meu caro, é que vc nao mostra nada do que fez, faz. So fala. Naasceu para falar.

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  3. É, Celso! Também concordo com o que todos aqui escreveram: se mata!

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  4. Celso fala mal dos outros tão bem que até parece que ele faz melhor.
    Vamos, Celso. Ao invés de falar mal, vai lá e senta na cadeira de quem tem a conta da Minhoto. Ou você prefere sentar em cima de quem está na cadeira?

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  5. cá com os meus botões, eu penso: antigamente havia a história do falem mal, mas falem de mim. Hoje em dia, depois da bundamolização, da ditadura do políticamente correto e do (falso) moralismo nem isso. a tônica hoje em dia é o que eu chamo de "ducaralhização". tudo tem que ser du caralho, senão não vale nem comentário, ou melhor, se for comentar alguma coisa, só vale se for elogiar. como se não fizesse parte da profissão de publicitário ou mesmo da essência humana, qualificar e formar juízos sempre pra poder distinguir e assim viver.
    Nem vi o tal comercial, mas quer saber? foda-se essa ditadura da "ducaralhização".

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