nunca as campanhas de propaganda ou de comunicação de marcas no brasil foram tão papai e mamãe. modorrentas, repetitivas, clicherizadas, falsamente modernas, apesar do discurso de inovação por parte dos experts intra e extra agências.
acontece que a realidade - falsa e verdadeira - não é bem assim. um falso pudor, um conservadorismo cada vez mais abrangente, vai envolvendo os núcleos de pensamento das centrais de pensamento de marketing, cujo fenômeno tem encalacrado o processo criativo que ouse ir adelante do "buraco no lençol".
portugal neste momento vive um momento retrógrado onde o cerco a publicidade começa a relembrar o país de salazar. há censura para tudo que não corresponda aos modelos morais de grupos que não se sabe se maioria mais nem sequer organizados usam "muito bem " os mecanismos criados para conter os possíveis excessos da atividade publicitária.
acontece que salvo casos esparsos, tais mecanismos só funcionam para questionar questões que envolvem principalmente a abordagem que contenha sexo, explícito, conceitualmente ou não.
o caso da c&a chama a atenção. dirigida a um consumidor predominantemente adolescente, no contexto do dia dos namorados,a campanha ousou sair do figurino modorrento que tem envelopado a comunicação de varejo - e não só.
contudo, ao pisar no ainda tabu das terminologias nominais dos usos e costumes capturados no linguajar de usos e costumes conhecidos dos banheiros, lanchonetes e espaços de convívio, por exemplo - até mesmo no universo não só de adolescentes mas de pré-adolescentes, e bota pré adolescentes nisto, houve grita que chegou ao conar, inclusive de uma publicitária que se sentiu chocada ao adentrar espaço da loja e constatar que crianças de tenra idade poderiam retirar folders com tal linguagem - leia-se 69 e todas aquelas coisas não papai com mamãe que as crianças, mesmo nesta tenra idade, boa parte já tem conhecimento, por outras vias.
num país em que programas dominicais para a família deitada em sofá esplêndido já viram crianças de 04 anos na "boquinha da garrafa" tal grita poderia ser considerada hipócrita. mas não é. o que é hipócrita é o cerceamento da ação sobre o manto curto e esgarçado da afirmação da preservação da moral e dos bons costumes dos mesmos que fecham os olhos a questões imensa e profundamente mais graves e danosas do que uma ação circunstancial que, convenhamos, diante do que acontece no dia-a-dia chega até a ser educativo, e crítico, através da apropriação da própria expressão que traduz o conservadorismo onde deve imperar a criatividade por todos os meios.
o mais grave de tudo, é a interpretação "publicitária" de que foi cometido um abuso no uso do sexo ou suas figuras como lead de uma campanha publicitária, principalmente no uso de figuras tais como a da enfermeira, fetiche insubstituível desde os tempos de zéfiro - o que não quer dizer absolutamente que toda enfermeira facilita e não seja uma profissional respeitável também na figura de mulher - e que uma vez mais, por conta disto, cristalize-se o procedimento papai com mamâe nas mensagens para a data.
a pergunta que fica é: alguém ouviu os adolescentes enamorados sobre o que eles acharam do episódio. ou retirou-se a campanha e pronto? a declaração do valente foi muito pouco valente, e como sempre conciliadora( publicitário inteligente não briga, este é o nosso problema. daí que todo mundo faz e diz o que quer do que quer que seja que façamos).
este tipo de linguagem seria realmente uma espécie de atentado ao pudor? de quem?
ou o público-alvo acabaria por achar que a campanha não tem nada demais e é até - ironia - meio papai com mamâe?
como diz a expressão latina, o abuso não impede o uso. o claim da c&a é abuse e use.
que se abuse e use então. e que se peque pelo excesso e nunca pela falta.
pois o costumeiro é que o verdadeiro atentado ao pudor.
Pois é, nunca vi uma época da propaganda brasileira tão chata e politicamente correta. Puta que pariu, esses censores nunca assistiram novela não? Até malhação é mais sexista que essa campanha. E a profusão de crianças dançando o Creu, em todas suas velocidades, ninguém vê isso não?
ResponderExcluirDepois que o Brasil deixou seu próprio modelo pra adotar o americanalhado, a nossa propaganda virou um antro de tias velhas de 20 anos, sem o mínimo censo de humor. E o Conar, que parece ser dirigida pela bruxa Solange Hernades(Aquela que mandou prender Shakeaspear pel oconteudo subversivo de suas obras.
Haja saco pra aguentar esse monte de merda enrolada em plástico argentino. Argh!
Nao eh porque o Brasil tem a boquinha da garrafa e outras coisas que entao "pode tudo". Um dia tem que comecar a cuidar da pouca vergonha deste pais. E retirar a campanha FOI UM BOM COMECO. Os defensores de que "jah que a sacanagem estah ai, nao tem problema fazer mais uma" que coloquem a mae deles sem roupa e falando palavrao para todos verem. Ai eu quero ver a "liberalidade" da opiniao deles. falta de criatividade nao tem nada a ver com a moral. E sobre os argentinos, eles podem ser tudo, mas que estao melhores em publicidade (e nao apelam para estas criacoes C&A) isso estao.
ResponderExcluirPower!
A questão é simples, caro anônimo, o que estão fazendo é censura pura e simples. E isto não se admite pra publicidade ou pra qualquer forma de comunicação. O lance é que hoje isso tem 2 pesos e 2 medidas. Querem censurar propaganda de cerveja, que idiotisse, é deixam o creu comer no centro as 3 da tarde. Faz favor. Quanto aos argentinos, eles estão bem mesmo, justamente pq estão criando seu próprio modelos e paradigmas(coisa que o Brsil Já fez muito bem a umas 3, 4 décadas atrás) e não macaqueando Archive e coisa que o valha.
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