quinta-feira, março 13, 2008

quem enfiou o dedo se fudeu ou como decepar uma imagem

Numa das piores páginas do marketing moderno, a presença de uma empresa, pelo seu legendário fusquinha, muito querida dos brasileiros. E quando quem é muito querido quebra a confiança de forma medíocre, ainda que construída durante 60 anos, é praticamente impossível reparar o erro, e voltar a ser correspondida em eventuais e novas manifestações de afeto e carinho: A VOLKSWAGEN DO BRASIL manchou sua reputação.

Para muitos o DESIGN do FOX é moderno, atual, bonito, atraente. De nada adianta. O DESIGN tem que contemplar o todo. Tem que ser bonito, atraente e funcional. Tem que possibilitar a utilização adequada e segura. O FOX da VOLKS se preocupou com a parte externa e aparente do DESIGN, negligenciou nos detalhes e na componente funcional do DESIGN de cada uma de suas peças. Induzindo a uma utilização inadequada. Mais que inadequada, temerária. Mais que temerária, fatal. A argola de metal que prende a alça flexível para o rebatimento do banco traseiro induz as pessoas – porque é assim que são as pessoas – a enfiar o dedo na argola. Em algumas situações o banco cai, e decepa parte do dedo.

A VOLKSWAGEN DO BRASIL conviveu durante quase dois anos com essa situação. Seus clientes tendo parte do dedo decepada, e não tomando nenhuma providência. Um dos clientes chegou a escrever ao presidente LULA – sabe-se lá porque, talvez pelo acidente que LULA metalúrgico teve e que lhe custou um dedo -, que acionou o Departamento de Proteção de Defesa do Consumidor – que por sua vez não conduziu a denúncia com a necessária presteza e seriedade.

Quase dois anos depois, e insistindo em sua postura arrogante e sem o menor sentido, e não querendo assumir da necessidade premente – já deveria ter feito isso em 2006 – de convocar um recall, a VOLKS publicou, diante de novos decepamentos, um anúncio nos jornais agora no mês de fevereiro de 2008, “chamada facultativa”, oferecendo “a todos os clientes que ainda tenham dúvidas a instalação gratuita de uma peça adicional que evita eventuais erros na operação de rebatimento do banco traseiro do FOX...”.

Depois de decepar, ofende seus clientes. Os chama de burros e incompetentes, e transfere a responsabilidade da comunicação do comunicador para o comunicado. A dizer, se o cliente não entende, problema dele.

Entrevistado pela reportagem do ESTADÃO sobre a campanha que a VOLKS veicula neste momento e com o slogan “PERFEITO PARA SUA VIDA”, o vice-presidente de marketing e vendas da empresa, FLÁVIO PADOVAN, assim se manifestou: “Não temos a intenção de tirá-la do ar... Uma Campanha não se cria de um dia para outro. Leva tempo até para se contratar espaço de mídia. É uma campanha de varejo. Não posso parar a empresa enquanto discutimos uma questão pontual de um carro específico...”.

Não é uma “questão pontual de um carro específico”, ou é, se essa é a única maneira que a empresa encara seu negócio. É a segurança, a vida, o dedo, de milhares de pessoas que acreditaram que aquela raposa era do bem, mesmo o MICHAELIS tendo advertido que raposinhar, no coloquial, é “usar de manha, de embustes, enganar, lograr, engazopar...”.

(o fox raposinhou; e seu dono se omitiu, do madia)

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