“Professores de uma faculdade de comunicação publicitária do Ceará propuseram aos alunos uma bizarrice: organizarem um sindicato, a partir do qual pressionariam o poder público pela regulamentação da profissão. A sugestão explica um pouco a baixa qualidade do padrão de ensino praticado na média das nossas instituições formadoras, pois que só mesmo gente muito despreparada é capaz de sugerir esse tipo de coisa. Ora, onde já se viu sindicato de aspirantes a uma profissão? Mas o exemplo apontado esconde, ainda, uma tentativa corporativista de buscar alcançar por força de lei aquilo que deveria ser conquistado por competência.
Todos sabemos muito bem que, com honrosas exceções, a mão-de-obra que vem sendo disponibilizada ao mercado pela maioria das faculdades de comunicação é muito fraca, não apenas do ponto de vista da capacitação técnica, mas essencialmente da condição cultural, sendo que em alguns casos beira o semi-analfabetismo. É a partir dessa “massa crítica” que se pretende desenhar a regulamentação?
Chega a ser um insulto. Não podemos esquecer de que a publicidade brasileira deve seus (melhores momentos a psicólogos, sociólogos, jornalistas, filósofos, antropólogos, bacharéis em letras, artistas plásticos e outros especialistas em ciências humanas e, por que não, a muitos engenheiros, advogados, médicos… Gente, portanto, com bagagem cultural suficiente para dar substância retórica a uma atividade que vive, essencialmente, de convencer pessoas.
É de se perguntar, afinal, o que é a publicidade, extraído dela esse aporte intelectual multifacetado. Uma profissão de operadores de programas e de aplicadores de fórmulas? Aliás, não é difícil, sem nenhum saudosismo, observar a rebaixa da linguagem publicitária, na medida em que as novas ferramentas tecnológicas oferecidas ganham mais significado do que os conteúdos das mensagens.
Em termos criativos, a impressão é a de que corremos atrás do próprio rabo, pois os nossos jovens aspirantes – com honrosas exceções – “estudaram” e aprenderam a glorificar apenas o trabalho dos profissionais de criação consagrados e esqueceram de beber sabedoria na mesma fonte em que estes beberam. Basta observar as “pastas” de grande parte dos estudantes, para se perceber uma busca desesperada pela adoção de estilos. A recorrente e sempre frustrada tentativa de regulamentar a profissão não leva em conta que a publicidade, mais do que uma profissão, é uma comunhão de saberes diversos. Essa é a sua natureza. Qualquer tentativa de cerceá-la significa seu empobrecimento. Muito melhor contribuição será dada à profissão se os propagadores da regulamentação se ocuparem mais em proporcionar um ensino de melhor qualidade. Pois que a regulamentação aceitável é, antes de qualquer coisa, produto de uma academia respeitável.”
(armando ferrentini, é editor do propmark)
o que esperar de faculdades onde qualquer zé ruela é professor e onde o que se vende é preço e, quando muito, quantidades de macintoshes? haja parafuso e chupa prego. dez faculdades de publicidade no recife(por enquanto) e espremendo-se tem-se o quê? publicitário em liquidação de merda.
Sensacional.
ResponderExcluirDaria tudo para ver a sua pasta e saber como é ser um redator com estilo próprio.
Sem irônias.
Se você puder, gostaria que avaliasse meus trabalhos, e claro, me dê a sua opinião.
eduardo@pong.ppg.br