se alguém ainda duvidava que a propaganda brasileira anda mesmo sem culhões, este episódio “ presidencial” confirma de modo patético, para ambos os lados, o que é ser publicitário no brasil.
um comercial, feito no melhor estilo que caracterizou a nossa propaganda, o comercial de oportunidade da peugeot em cima de uma gaffe sem tamanho – e desumana, pois relaxar e gozar pra quem anda em aviões do estado, e cospe em cima de cidadãos que foram humilhados e agredidos em sua cidadania inclusive aqueles que encontravam-se em perigo de morte não merece condescendência.
jader rosseleto, vice-presidente de criação da agencia que criou o comercial disse que não se pode negar um pedido do presidente. mas pera lá, e o tal de jogo democrático onde nos é reservado o direito de dizer não, o direito da vaia(que agora dizem ser orquestrada - a nossa nem assim - ?)marta fez a sua cagada, típica e contínua de tailleur, que não foi eternizada pelo comercial em si, que até pegou leve, devia então relaxar e gozar ela agora. idem o presidente. afinal, só os cidadãos brasileiros enrabados a torto e a direito é que tem que relaxar e gozar ? e os nossos governantes não? aliás, corrija-se, eles não relaxam e compram, eles relaxam e roubam.
noutros tempos, e teríamos manifestações de toda ordem, inclusive dos clubes de criação que bem humoradamente, com certeza, reagiriam a este pedido com comerciais que sem perder a criatividade e o tino, firmariam uma posição. mas vivemos um tempo onde o mercado da propaganda vai se sustentando cada vez mais por meio de negociatas, trapaças, propinocídios, jogo de favores, cessão a pedidos de toda sorte e um nada, um naco, um resquício de dignidade profissional que seja manifesto pelo menos uma vez na vida com um sonoro não ao “cliente”.
uma distorcida crise de corporativismo pseudo-ético e até já auto-censor paira sobre as nossas cabeças. a esfínge do politicamente correto persegue a criação publicitária como se ela inventasse as piadas de sogra, como se fosse ela que fizesse escárnio da população. e para completar, depois de fazer-mos papel ridículo frente ao mundo censurando o you tube, acabamos de inaugurar uma nova categoria de intromissão na criação publicitária: a presidencial.
se a moda pega, cada vez que fizermos um anuncio teremos de pedir as benção do presidente(da agencia, da empresa, do grupo de planejamento, do grupo de atendimento(bom a estes já pedimos) do grupo de mídia, da associação dos consumidores, dos lambe-cu e, sim, claro, do presidente da república.
o presidente pediu? ora presidente, relaxe. e vá gozar com a classe que o pariu!
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