o blog que dá crise renal em quem não tem crise de consciência. comunicação, marketing, publicidade, jornalismo, política. crítica de cultura e idéias. assuntos quentes tratados sem assopro. bem vindo, mas cuidado para não se queimar. em último caso, bom humor é sempre melhor do que pomada de cacau.
terça-feira, junho 12, 2007
responsávelmente irresponsável ou irresponsavelmente responsável ?
de sã consciência para alguns a publicidade não tem salvação. é a mentira distorcendo o foco que no fim do arco-íris é decepção para alguns e lucro(muito)para poucos.
fulcro do sistema capitalista ou se está dentro ou se está fora. não se pode estar dentro discordando do jogo cujas regras mudam com ainda maior rapidez com que são executadas muitas das jogadas.
muito publicitários em suas contradições contradizem os ditos e os mal ditos. uns recusam-se a aguçar a crítica ao conteúdo do seu trabalho. não a crítica acadêmica, mais fácil de ser praticada. e sim, a crítica no dia-a-dia a cada job remexido.
mais do que um jogo de palavras há uma diferença entre a responsabilidade irresponsável e a irresponsabilidade responsável. uns a vêem de maneira clara, muito embora nada façam. outros, sequer isto.
sempre achei que no labor diário para além do compromisso com a venda, cabia aos irresponsavelmente responsáveis ir mais adiante. ir mais adiante é promover a venda para além dos argumentos fáceis, dos recursos estilísticos estigmatizados ou formatados na dominação das ignorâncias. por exemplo: porque diabos o carreguem o varejo tem de ser gritado? porque todo comercial que se refira ao povo nordestino tem que apresentá-lo com over acting de sotaque onde o arretado acaba soteropolitano? quanto de irresponsabilidade há nisto e quanto de responsabilidade em falta, a tal da responsabilidade social da comunicação que é diferente de marketing social.
quanto irresponsabilidade há em anunciar aparelhos de estimulação elétrica que não obtiveram sequer aprovação da anvisa. e o que dizer de oscar e giovanne que não são publicitários e sim ícones de outras jogadas ou até mãos foram santificadas(ainda mais pelo cachê?)
quanto de responsabilidade há e outro tanto de irresponsabilidade também em criar campanhas para companhias de alimentos que adotam a prática de redução de peso(maquiagem) nas embalagens quando não de aumentar a caixa ou envólucro dando a aparência de mais por menos quando na verdade é menos por mais?
quanto há de irresponsabilidade há e outro tanto de responsabilidade quando não agimos de forma crítica quanto a isto?
não podemos, respondem no gatilho alguns. ou se faz ou se dança.e se dança conforme a música o instrumento inteligência crítica desafina ou fica mudo?
a geração que militou na propaganda entre os anos 60 a meados dos anos noventa era dita de esquerda em sua grande maioria. se ela não se resolveu enquanto problema que dizer desta geração agora compromissada tão somente consigo própria, entenda-se com o eu de cada um cada vez falando mais alto na sobrevivência que maneja não mais espada mais sabres de não luz sobre as suas cabeças?
o mínimo que se faça já é um grande feito. se não pode impedir que o consumidor seja enganado com uma bastardo qualquer, pode pelo menos transformar este engano numa abordagem proveitosa até mesmo por conta do próprio engano.
como há muito tempo atrás depôs uma professora que dizia: "adoro ser enganada pelo boa publicidade ", falta alguém dizer que destesta ser confirmada pela má verdade.
esta é uma atividade cruel e por isso mesmo tão bonita e enganadora de nós próprios. não nos enganarmos sobre ela talvez seja o melhor antídoto sobre o que dizemos quando não queremos e o que queremos dizer quando não podemos.
pior do que ser um publicitário que acredita na propaganda, é ser um consumidor que não acredita nela, sendo um e outro a mesma pessoa mesmo quando não.
estaria mentindo bill bernabach quando bradou: " tive uma grande idéia. vamos dizer a verdade ".
e hoje, qual verdade diríamos? a nossa, a da ageñcia, a do produto, da marca, do consumidor ?
think small. enquanto estivermos mentindo uns aos outros em cada fase da relação em cadeia da qual fazemos parte o que estaremos sendo de verdade?
Bom, Celso. Muito bom!
ResponderExcluirSeth Godin acredita que antes de ser verdadeiro, o profissional de martketing precisa ser autêntico.
Talvez esteja nessa sutil diferença, o início de resposta desses questionamentos colocados por você.