sábado, maio 19, 2007

o papel do papel que não sai do papel ?

Inevitavelmente, em todas as palestras que faço, mesmo que o tema não seja especificamente propaganda, alguém me pede para comentar as relações entre as agências e seus clientes.

É evidente que as coisas não andam bem, com acusações de ambos os lados. Reclama-se -mutuamente - do atendimento, remuneração, prazos, falta de transparência, insegurança, preguiça criativa e por aí vai. A lista é longa.

Mas concordo plenamente com o mestre Francisco Gracioso quando identifica o principal problema: "as agências precisam recuperar o papel estratégico que já tiveram junto a seus clientes, como parceiras nas decisões cada vez mais difíceis sobre o mercado."
Peguei esse glorioso tempo, quando a gente sentava na mesa de reuniões com a diretoria do cliente para avaliar, pensar e discutir tudo em relação ao produto. O Chico Socorro por certo vai se lembrar: a gente se envolvia e era naturalmente cliente dos clientes. Tínhamos conta no Banco Nacional, queijo só Regina, relógios e eletrônicos só da Masson. Imagine, sou do tempo em que representante de veículo jamais visitava um cliente sem a presença da agência. Infelizmente isso se perdeu e, salvo poucas exceções, as agências deixaram de ser influentes "associadas" dos anunciantes para se tornarem "fornecedores".

Já que lamentar não resolve, o jeito é usar continuamente a imaginação para estabelecer relações profissionais, sólidas e mutuamente vantajosas para as duas partes.

Um caminho é praticar as idéias desse inteligente decálogo (não sei quem é o autor. Se você souber , por favor me avise para dar a ele o devido crédito):

1. Deve haver atração imediata no primeiro encontro. A empatia entre a agência e o cliente tem que ficar evidente.

2. A relação tem que ser aberta e honesta – falar sempre a verdade, de forma franca, sincera e respeitosa. A transparência é a chave para a conquista da confiança;

3. Fazer a relação permanecer com seu frescor inicial – a surpresa é fundamental. Os desgastes em qualquer relação são normais. O importante é ter transparência e muito diálogo para evitar que o desgaste natural saia do controle. Pequenas surpresas são importantes para trazer renovação;

4. Desafiem-se sistemática e reciprocamente – cliente e agência precisam desafiar-se dia a dia, na busca pela superação;

5. Reconheça e comemore os bons resultados – cliente e agência devem celebrar suas conquistas;

6. Foque no futuro – cliente e agência devem sempre mirar o futuro: qual o próximo passo? Qual o próximo desafio? Qual o próximo salto que daremos juntos?

7. Seja advogado de si mesmo – fale com orgulho sobre a sua agência. Fale com orgulho sobre o seu cliente;

8. Busque a grandeza em tudo que fizer – cada trabalho deve ser encarado como um grande trabalho, pequenos jobs podem se transformar em grandes cases se cliente e agência tiverem esse pensamento;

9. Tenha senso de humor – qualquer relação torna-se mais leve e agradável quando existe senso de humor;

10. Você deve desejar que a relação seja duradoura e lembrar que a base fundamental será sempre a confiança.

P.S.
Se você não leu o artigo de Francisco Gracioso "A Agência do Futuro" (Propaganda & Marketing 30/04/2007), aqui vai um resumo:
" Vejo a agência do futuro como uma simbiose de três virtudes:
1.O pensamento estratégico que hoje é apanágio das grandes consultorias de negócios;
2. Um produto criativo desligado dos figurinos dos países ricos e ancorado num sólido conhecimento do nosso consumidor;
3.A capacidade de combinar com igual desenvoltura as grandes mídias tradicionais e as novas arenas da comunicação com o mercado."


o papel estratégico das agências, do emílio cerri(o que eu gostaria muito mesmo era vez um representante da chamada "nova geração" definindo qual o papel das agências hoje - nem precisa dizer estratégico - para que não fique no ar aquela visão de que os "antigos" só choram pelo leite derramado. sim, qual a visão deles do negócio para além das disputas entre quem levou ou não levou prêmio, short-list, etc.

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