quinta-feira, abril 19, 2007

fiquei com cara de tiozão

ainda sou daqueles caras que quanto mais passa o tempo ainda me arrepio com uma peça que contenha idéia, qualidade e objetividade(nem sempre as três coisas andam juntas).
é o que acontece quando "escuto" o filme do sentra, o novo coupê de combate da nissan. faz um bem enorme ouvir um jingle que pega de primeira, nos faz sorrir, e gruda a um ritmo que nos leva a sensação de conduzir o carro na maciota.

o toque de contemporaneidade é a criação da banda que canta o jingle, criada especialmente para o comercial, de um automóvel que tem harmonia entre custo e benefício, com design que não lhe traz nenhuma fealdade. o filme é justo porque não é pretencioso. nada de extraordinário, como o carro. mais pega e arranca de primeira que é uma beleza.

um bom jingle, tem esta virtude excepcional. prolonga a vida do comercial para além do quorum de saturação, salva a vida destes novos coitados que não conseguem minimamente redigir um spot que não sôe um tijolo nos ouvidos. além disso, o principal, faz todo mundo feliz: agência, cliente, veículo, revendedores, vendedores,clientes e mercado(deve ter vendedor e executivo da gm cantarolando o jingle ao volante, do vectra?) neste caso, um achado também excepcional: não tem cara de tiozão, um diferencial escolado na percepção expressa no bom humor, que se torna tangível num universo onde a intangibilidade que não cola tem sido procurada para buscar a diferenciação em área tecnologicamente engarrafada.

no outro lado da ponta a velha senhora que resolveu ser moderna. a mccann, com uma fenomemal força de mídia empregada para o lançamento do novo vectra. incluindo apoio de outras ferramentas, onde se destacam r.p e asessoria de imprensa. a ponto de já gabarolarem-se que a nova campanha, ainda a meio - os comerciais pra valer, dizem, só estrearão em 04 de maio, agora só o pré-teaser e teasers, digamos assim - já provocou a venda em dobro do automóvel neste fim de semana que passou, incitando diversos heavy ou potenciais users a " invadir" as concessionárias para acercarem-se de detalhes da campanha, segundo o texto(não deveria ser do carro?).

desde que o mundo é mundo em propaganda, a força de mídia aumenta vendas(propaganda ruim vende, é triste, mas é fato). por isso, algumas ações chegam ao sucesso a ponto de gerar questionamentos sobre a criatividade como fator determinante, como se não o fosse, inclusive, instrumento de aplicação financeira. depreende-se que o ser criativo, antes de ser criativoso, é o caminho para rentabilizar o mais por menos, desde que evidentemente isto seja feito de forma criativa sem os desvios que estamos acostumados a ver, tão piores do que os formatos ditos hard-sell ou coisa que o valha.

no caso da campanha do vectra, foi escolhido um caminho que deve ter sido achado o máximo pelos pensadores do marketing da gm e pela nova geração criativa da mccann agora investida de inovadora também em modelos de gestãocriativa(mesão, com pelo menos quinze anos de atraso) e sua expressão, que conduz a uma tripartição, que muitos dirão estratégica, numa tática que leva a multiplicação do investimento, muito boa para ela, para o cliente vamos a ver. portanto, deve-se se esperar dele um resultado mais do que excepcional para compensar, dito assim a grosso modo, os recursos empregados. oxalá, tomara, que não torço nada contra quem quer aperfeiçoar as práticas mesmo quando erra, que dirão os tempos se o caso.

tempos modernos dirão alguns. é a mídia mostrando que hoje é mais importante do que qualquer outra coisa, já andou dizendo o nizan, que é o frasista de ocasião que é, confundindo certas práticas com os novos canais, oportunidades e nem assim tão novos formatos aparecidos. e de novo uma certa confusão entre o que é realmente criativo e o que aparece pelos atalhos querendo ser caminho. é o percalço do de vez em quando, na tentativa, dir-se-ia de quebrar paradigmas, quando aparecem idéias que pretendem revolucionar o momento da propaganda. e pelo modo como está sendo tratada, diz a mccann e a gm, está é a idéia.

quanto a mim, só posso dizer que vendo o comercial da mccann, e todas as suas explicações(ação/idéia que tem que ser explicada?!) fiquei com cara de tiozão.

e como todo tiozão que não o quer ser, estou assoviando o jingle do sentra até agora, o que não quer dizer que vá comprá-lo, célebre questão sobre o que funciona ou não na propaganda.

mas também, já que pode ser levantado assim, decididamente não seria o vectra. talvez porque eu seja ainda mais exigente ou marrento do que previu a tal campanha.

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