terça-feira, janeiro 23, 2007

é pegar ou largar a decência em nome da necessidade. para sempre?

Anúncio divulgado recentemente no acontecendo aqui, site que privilegia o mercado catarinense, pedia assistente de marketing. Requisitos: estar estudando a partir do 3o. semestre de publicidade e propaganda ou marketing, no período noturno; conhecer word, excel, corel e power point; conhecer as áreas de produção, pesquisa, planejamento e criação. A empresa oferece bolsa-auxílio (?) de quatrocentos reais, vales transporte e refeição, cesta básica.

De novo: quatrocentos reais de bolsa auxílio, seja lá o que isso significa. É muito? É pouco? Não me cabe opinar a respeito, até porque a empresa está exercendo seus direitos. Além disso, não há, que eu saiba, nenhum parâmetro que permita uma avaliação correta.

A questão é exatamente esta: como não existe um parâmetro, uma regra, uma lei que regulamenta o setor, as empresas fazem o que querem. A culpa é de todos nós, que aceitamos pacificamente essa situação. Estudantes inclusive. Estudantes principalmente, eles que são os maiores prejudicados.

Neguinho sai da Universidade feito boi sonso, sem conhecer seus direitos, que aliás ele não tem nem procura conquista-los. E o resultado é esse: a empresa oferece o que deseja. A do anúncio ainda estipulou quatrocentos reais, mas sei que outras que oferecem muito menos. Ou nada.

Li o artigo do Fernando Reinach sobre pilotos de avião(1) morcegos e aves migratórias, pensei nesses garotos. Sem bússola, sem lideranças, sem vontade de ir à luta. E senti pena, muita pena deles.

(1)“Pilotos de aviões usam mapas, bússolas, estações de rádio e informações dadas pelos controladores de vôo para se orientar. Aves migratórias também têm uma capacidade sofisticada de orientação. Algumas são capazes de voltar ao mesmo rochedo após meses em outro continente. “Os morcegos também são capazes de voltar a suas cavernas quando transportados para outros locais, mas até agora não se sabia como se orientavam. Agora, parte do mistério foi resolvida através de um experimento.” (Fernando Reinach, biólogo, no Estado de S. Paulo de 18 de janeiro este)

(por falta de bússola, do eloy simões. copidescado por nós)

nunca é demais lembrar que o brasil tem leis, nos mais diversos setores, tidas como mais avançadas do mundo. mas que não são cumpridas.
num mercado tornado sem lei nem ordem, pelos próprios fazedores do mercado, seriam elas respeitadas, caso legisladas? e o que é pior: a falta de leis, ou a falta do cumprimento delas?
ora, se até a lei que regulamenta o negócio é descumprida, imagine uma lei que estipulasse regulamentação sobre remuneração de estagiários e trainees. afinal, também há uma lei ou coisa parecida que estipula o teto mínimo salarial para a classe. é cumprida?

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