quinta-feira, dezembro 14, 2006

nobreza não pôe mesa III: prêmio nobel ao conservadorismo

enquanto vou tomando uma trappist releio entrevista concedida em 13,06,2006, para o CCRJ por fernando campos, sócio da santa clara que diz o seguinte:

Ter uma agência é – ou deveria ser – um processo natural de amadurecimento. Achamos que era a hora de colocar em prática uma série de processos e uma filosofia que já fazia parte da nossa visão crítica do mercado e do modelo tradicional de agência.

CCRJ - Qual o maior desafio da agência nessa primeira etapa?
Fernando Campos - São vários. O primeiro é realizar duas tarefas simultâneas, a de colocar um negócio de pé e ao mesmo tempo garantir que o modelo proposto será de fato aplicado. São várias as tentações para cair no sistema antigo, na zona de conforto. Mas a contrapartida é uma equipe muito sênior comprometida com a nova proposta. Mesmo que eu vacilasse em algum momento e quisesse me proteger no modelo tradicional, minha equipe não deixaria.


pois é , partindo-se deste raciocínio, e tomando o maçico da campanha da cerveja nobel, chega-se a conclusão que: na equipe da RGA das duas uma: ou não havia ninguém na equipe para proteger seus mentores – inclusive deles próprios – ou o processo natural de amadurecimento ainda não estava no ponto para fazer da teoria a prática de uma agência que se anunciou inovadora. mas que repetiu o conservadorismo dos processos e filosofia, que decididamente não correspondem a visão crítica do mercado e do modelo tradiconal de agência, que também anunciaram vir a combater. campanha da nobel, mais tradicional impossível. para manter os termos observados em elegância correspondente a folha de alumínio para proteger a boquinha.

não vale nem a pena comentar a oportunidade desperdiçada (também comercial a médio e longo prazo, inclusive para eles) no tratamento de uma campanha que poderia representar outras nuances para o mercado se construida noutros ganchos, idem desenvolvimento.

dito e feito, também não vale a pena tecer comentários sobre o blend dos filmes e das gags que pretendem nos levar ao está pensando em quê?(em tomar a novel é que não vai ser).

aliás, se você pensar em qualidade de campanha, como a campanha pensou em qualidade de cerveja, chega-se também a conclusão de que faltou apetite-appeal em tudo. a explicitação do conceito de cerveja premium – qualidade em cerveja – pelo modo discursivo na figura de um clain(já que as situações são pueris que bastem) é de uma inocência ou insanidade tal, como vetor de branding( construção de marca que está subindo ladeira) que não se sustenta tão-somente pela aparição de veiculação sem um avanço de linguagem. assim, o sabor que fica grudado na mente e na garganta pela adoção de uma comunicação sem saboria, é o lugar-comum a cervejas que não conseguem vencer a inércia de mercado cada vez mais concorrido em todos os sabores de mídia. verdadeira briga de cachorro grande, onde tem muito pit-bull levando coça pelo rabo de vira-lata mais matreiros.

qualidade em cerveja, fora da boca dos mestres cervejeiros, e de pretensos connaiseurs é no geral um atributo emocional-sensorial, vindo em último o cariz racional, o que já foi provadoe "reprovado" pelos blind-tests. por isso mesmo, quanto mais forte a exploração do ângulo mental competitivo, traduzido numa campanha em que o componente criativo é tão ou mais importante do que o malte, o lúpulo ou a água de igarassu, com mais sede se vai ao pote. neste caso o planejamento? a criação pensaram idéia aguada pra cerveja que está se lançando com o intuito de fazer o consumidor pensar,nela, enquanto alternativa pressuposta.

no mais a nobel, também anda apanhando na tulipa dos 4ps que falam da distribuição, fora de prateleiras de distribuidores importantes como o wal-mart (bompreço) muito provavelmente por sua politica de esmagar os fornecedores pelo colarinho.

nesta hora o impacto da comunicação publicitária(pelo conteúdo e não só pela força da frequência) também pode dar o que pensar ao distribuidor, fazendo-o sentir-se acuado em não ter o produto nas prateleiras premido pela procura do consumidor.

mas nem isso de caso pensado? aliás, estiveram pensando no quê mesmo? ao batizar uma cerveja com nome de prêmio cuja recompensa não remete a invenções que apaixonem o consumidor de cerveja?

qualidade em cerveja produzida sem qualidade de pensamento vai ter como fim a dicotomia do isopor com uma marca por fora e outra marca bebida por dentro.

que nossa mulheres não fiquem viúvas! você brindando isso com uma nobel? meio difícil de pensar né?

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