sexta-feira, julho 14, 2006

salva republicana

a unilever, uma das multis mais multis que se conhece dando uma de barão de araruna, como seria de se esperar. enquanto a maioria dos publicitários só consegue pensar em patterns de família, no melhor estilo, família de margarinas, coube a uma das empresas mais conservadoras que se conhece em sua publicidade, sem deixar de sê-lo, a ousadia de veicular comercial, com sutileza, protagonizado por criança e pais separados.

dizem que a propaganda é a retagurada da vanguarda, portanto sempre a reboque das mudanças sociais, não as provocando, no máximo as amplificando. contudo, em que pese a idéia majoritária do formato da família cristã de classe média, onde e da qual boa parte da nova geração de publicitários não foi nascida - seus pais já se casaram novamente, uma, duas ou até mudaram de sexo e de religião, ajudando a consolidar outros tipos de uniões - continuamos a ver comerciais com uma irrealidade no mínimo irresponsável para quem fala tanto e tano falta em responsabilidade social, para além de se dizer antenado, pelo que lhe dizem as pesquisas.

o tunel do tempo retrógrado nos congela nos anos anos 60, quando uma mulher desquitada era execrada. basta ver os nossos comerciais de shoppings, carimbados de avos e avós, familinhas de catecismo e outros cromos de albuns de recordações - estamos devendo o post - de um conservadorismo que só pode ser explicado por muita dor de corno. e isso tudo, após os próprios consumidores terem rebatizados shoppings de boa bicha, pragmatismo extraido da realidade com a qual não souberam lidar muito bem publicitários e ditos homens de marketing que tudo percebem.

não que se vá transformar nossos comerciais em paradas gays - um segmento muito interessante sob o ponto de vista criativo, e não falo de caricaturas, e faturamento - ou ditirambos a satirycon. mas significativo percentual de um novo consumidor está nos corredores e nas lojas dos shoppings, dos supermercados, exercitando sua nova pratica de vida e completamente ingnorados pela miopia de marketing dos gerenciadores de comunicação. mulheres cada vez mais chefes de família e libertas sexualmente do patriacardo, sem por isso deixar de serem mães e cidadãs - e consumidoras - idem homens que já se safam bem no papel de mães e babás, nem que seja de fim de semana, o que já perceberam algumas prateleiras de supermercado, avançando no mercado " single".

uma boa leitura em quase uma centena de teses de mestrado de antropologia e sociologia, recém-produzidas, boa parte já com os punhos e intelecto deste mesmo público ( isto não está nem nas archives e nem nos rolos de cannes) mostra fatos e números - ôces não adoram números ? - bastante significativos e interessantes e quem bem poderiam dar um refreshmentet na visão de mercado de quem anda mais congelado que peixe de balcão frigorífico de supermercado, daqueles que não desligam a noite para economizar energia nos candidatanto a infecções terminais, e por isso mesmo a exalar aquele cheiro peculiar na propaganda que cria, produz e veicula, claro devidamente aprovado pelos peixe-espada do marketing.

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