terça-feira, abril 04, 2006

quiz quiz ou cuz cuz ?

Profissional, com 30 anos de experiência, chega para implementar renovação da agência.

Aurélio Julianelli é o novo diretor de criação associado da DeBrito Propaganda. A contratação do profissional, que acumula mais de 30 anos de experiência no mercado publicitário, faz parte do processo de renovação da agência, que este ano completa 12 anos de existência. Com 12 clientes, a DeBrito prevê um faturamento da ordem de R$ 30 milhões em 2006, o que corresponde a um crescimento de 20% com relação ao ano anterior.

Julianelli começou na publicidade na Alcântara Machado Periscinoto (atual AlmapBBDO) em 1972. Passou pela Standard, Ogilvy & Mather. Em 1995, assumiu a direção de criação da DPZ, de onde saiu em 1998 para liderar o time de criação da TBWA/Brasil até 2001. Nos últimos anos atuou na Taterka Comunicação e em projetos especiais independente.

aurélio "foi" um dos picas grossas do mercado. qualquer pessoa minimamente informada sobre a publicidade brasileira - se houver meia dúzia já se dê por satisfeito - já ouviu falar dele. a nota encerra um clima, sabe-se lá, consciente ou não, de paradoxo, que me chama atenção, até porque vou me dando conta, também posso dizer que igualmente trago no bornal os tais 30 anos de experiência. e, se apertar um ou dois aninhos a mais, para "limar" com a idade que me bate a porta.

a noção de renovação costuma estar ligada a sangue novo, idéias novas, que corretamente ou não sempre estão ligadas a idéias de juventude etária. por mais que saibamos que existam sexagenários - eu ainda não cheguei lá, mas se escapar dos avcs, dos infartos, do cancer de próstata e de meia dúzia de variáveis contra, incluindo morar no rio, pretendo estar fazendo propaganda, prova já dada de que estou acometido de insanidade terminal - sim sexagenários, que tem idéias tão jovens a ponto de serem rechaçados como loucos, e muito jovem de 20 anos gagá. olhe pro lado e você já verá um, com certeza.

mas tudo bem, vamos à tal idéia da renovação. é extremamente salutar a chegada de um "poço de experiência" a uma estrutura. combinado a um ambiente onde exista vontade de fazer e cabeças jovens. cometamos então a redundância de dizê-las entre os 18 e 25, e você tem um mistura que pode ser bastante explosiva, independentemente do mercado onde a combustão aconteça. já vivi a experiência e posso dizer que aprendi muito, estando aí por volta dos 45 e chegando mais up-to-date do que nunca para a "briga", porque nada pior do que trabalhar com jovens sem falar a linguagem - e o dialeto deles - e,sobretudo, entendê-los. já fazer propaganda pra teenagers or youngs, é outra história. onde muita gente acha que basta colocar duas girias e a peça já se torna cool. engano fedorento de quem pensa velho, por mais novo que seja

por isso mesmo, acontece que nem sempre os mais jovens estão up-to-date. e isto é um problema infernal. bater bola com um cara cujo rosto é uma meleca só de cravos e espinhas renitentes a saída da puberdade, mas cujas idéias parecem diarréia nonagenária, é purgatório que não desejo pra ninguém(nem pra "sócio morto"). os diálogos não servem nem para briefing do desencannes. também já vivi a experiência e, inevitavelmente, defenestrei a moçada, que manda recomendações à minha progenitôra até hoje.

inegável é que existe uma visão, hoje nem assim tão preconcebida, em relação, do é atrás à chegada e convivência com os "senioreszãos", ainda mais se não forem suficientemente famosos na profissão. a maioria já ganhou muito dinheiro(ou gastou tudo) e não tá mais a fim de ficar brigando por inovação de verdade. quem era enfant terrible, cagou pra isso, e afinou-se com as regras do negócio - mas, uma das regras, ou seria réguas do negócio, não é a de sermos inovadores, criativos, a cem por cento ? o que para já a realidade contradiz de sola - em nossa cultura, apesar de haver melhorado? um pouco, sujeito com mais de 30, 35, já deu o que tinha de dar, diferentemente, de alguns mercados europeus e, principalmente o americano, onde experiência não bolororizada conta, e muito. aliás, alguém já disse que nada como uns cabelos brancos, mesmo com os brincos, algumas vezes ridículos, para impor respeito numa aprovaçao, apesar de quê, o que deveria contar é a idade da idéia e não a de quem apresenta, ou estaria propondo algo muito inovador ? lembro o mesmo júlio ribeiro, que abre o cemgraus de hoj,e quanto mui bem disse: nós temos a idade que nossos anúncios aparentam e ponto final.

derivações à parte, a nota traduz, pode ser visão deturpada minha, um certo ar de esparrela ou de declíno profissional, ou ainda de levanta moral de jornalista "bem intencionado", o que pior a emenda que o soneto. por mais créditos e respeito que tenham a DeBritto,e, claro, o julianelli. vai me dizer que a notícia não teria impacto muito maior, e consistência, se o aurélio fosse contratado para renovar a DPZ, por exemplo(se o duailibi ler isso aqui vai ter um troço) ? ou, qualquer marca de maior peso ? nem precisava ser nacional, algumas regionais, por exemplo o gruponove(a cecília também vai ter um troço; sim nosso amigo klaus isnenghi, não conseguiu, consultor ou não, recuperar o visgo que fez do gruponove uma das agências mais intervenientes do mercado e que me fez ter frenesis no dia que cruzei a porta da rua das creoulas, e isso quando nem ainda havia se tornado a potência criativa que viria a ser) ou de outras marcas, que vocês podem exercitar, seja no mercado pernambucano, catarinense, baiano, cearense, carioca, seja ondem quiserem: porque agência encarquilhada - inclusive umas que começaram há pouco tempo - é o que não falta.

assim, impregnado de auto-crítica e quase me espelhando e/ou projetando para futuras contratações pergunto:

a) ir para Debritto é um sinal de decadência do profissional,que não consegue ser absorvido mais pelas "grandes";
b) pelo contrário, é o reconhecimento da capacidade de alguém que pode dar uma sacudidela na estrutura e acima de tudo uma mostra de que a agência não se governou por modismos na hora da escolha, o que já é um sinal de renovação;
c)uma opção ditada por números, não necessáriamente por ambas as partes;
d) um grande negócio para ambas as partes, porque agências ditas " grandes" também não tem sido assim esta espingarda toda,
e)nem uma coisa nem outra, apenas contingências;

ou: nenhuma das respostas. incluindo a opção bloguista viajando na maionese, de quem não consegue uma coisa nem outra.

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