sexta-feira, fevereiro 03, 2006

renato sem bluecaps

por detrás do garoto-propaganda da eletroshopping, rede de lojas de eletrodomésticos existe um compositor-cantor. dizem-no sensível, apesar do esforço em classificá-lo como diluição da diluição do djavan, o jorge vercílio, como costuma a mídia no brasil rotular quem não cai nas suas graças. caem eles de pau então.

castelo é um dos seus discos, apesar de não encontrar outros títulos. e, quero ouví-lo. na glamourosa cultura, agora ponto de encontro dos descolados intelectuais da cidade dos arrecifes. existem discos em exposição. mas não catalogados, são capas mudas – bons tempos em que se entrava numa loja de discos e se podia ouví-los. e, mais importante, quem vendia os discos entendia minimamente de gêneros.

fico a imaginar o que cantará o renato quando semanalmente ele entra em minha casa como um doidivanas. monocórdico e esquemático na linguagem do varejo praticada. o que por certo não deve harmonizar forma e conteúdo com sua obra musical. por mais diluída que ela seja não deve chegar nem perto da diluição a infinitesimal do grito primal do mau varejo.

o garoto-propaganda deve sustentar o cantor-compositor. irônicamente, em nome da sobrivência, na verdade ele o mata paulatinamente. construindo uma imagem de clow que vai exigir do renato cantor um fôlego extraordinário de qualidade, para abafar a quantidade de inserções que ao longo dos anos vai cristalizando de maneira massiva sua imagem a semelhança de comerciais de qualidade caricatamente redundante e quando muito ridiculamente “criativas”.

o repertório de caras e bocas do renato propaganda é ainda menor que o número de prestações que anuncia. o do compositor-cantor, não posso afirmar pois ainda não o escutei.

mas certamente, renato sem bluecaps para a música estaria bem melhor. e se o dono da agência, que dizem, não abre mão da sua imagem, amizade a toda prova , fosse mesmo amigo do renato e da boa propaganda, trataria de construir situações mais favoráveis para todos.

até mesmo dentro da obra musical do renato, ganchos poderiam ser construidos em determinadas datas, vendendo-se de tudo o melhor ou um pouco melhor.

mas quem se importa com o melhor, quando o pior já enche barriga ? lógica tida como tiro e queda pelo mercado.

e tome a cantoria de caras, bocas, gritos, recursos que sustentam-se na parada de sucessos apenas pelo jabá da veiculação.

com a música tem sido assim em muitos casos. mas neste, nem assim para o campelo que continua para uns poucos à capela no deserto de boas idéias em que se transformou a propaganda veiculada em pernambuco.

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