terça-feira, janeiro 10, 2006

a lullaby

nos finalmentes de 2005 a rede globo nordeste soltou em preto e branco, canção de imagens sobre crianças cujo objetivo era “ persuadir, conscientizar” adultos a não “ fazer mal as crianças”.

a exploração de crianças, laboral ou sexual é o podium máximo das sacanagens que resíduos humanos mal crescidos perpetram contra ainda pedaços de gente, fadados a tornarem-se pedaços de merda por outros pedaços cacifos.

a tal canção, cantada, e presumo composta por, nando cordel, pedia e seccionava na primeira pessoa, em forma de súplica very light, a interrupção do abuso da inocência, do estupro dos sonhos das crianças cuja inocência lhes é retirada à forceps, quase que literalmente. e, blá.blá.blá, todas aquelas coisas que todo mundo sabe mas que cada vez mais menos gente pratica.

foi de lascar ou como diria o enfêrmo, que coisa mais punk. por isso mesmo dedico mesuras cada vez mais ao ao criador do “ de boa intenção o inferno tá cheio”.

achar que uma canção algodão doce produz algum efeito, para além do aplacar da consciência de alguns; da satisfação do comprometimento com o “marketing societário” de outros e pelo meio algum esperto que vendeu a idéia como plano b de oportunidade, é inocência que não deveria ter espaço se a questão é estar realmente comprometido com o bom combate.

é claro que para a turma do bem-bom, serei eu mais um da turma do contra que só critica e nada faz. imagine só, tão singelo apelo, embalado por lullaby cordelizado, abordado de forma quase-singela. pois, o problema é justamente este. os que fazem tudo aquilo que a música e suas intenções pede pra não fazer, continuarão fazendo, fazendo da mesma fundo musical, vinheta ou B.G de resguardo, substituindo outras musicas de trilha e corte.

que nando cordel faça as suas marchas da paz, apesar do paradoxo da conotação bélica de marchar e do desgaste de iniciativas do tipo, menos mal. menos mal ainda seu trabalho na “fundação do amanhã”, que cada dia pede mais e melhor gestão, de tudo.

agora ventilar canções que estão bem abaixo do melhor que o compositor já foi, acaba, para além do efeito de estilo, por ser uma exploração das crianças mal resolvida.

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