quinta-feira, dezembro 01, 2005

vocação para o combate ou porque nasce e morre um blog IV

cemgrauscelsius.blogspot.com é um quase blog de redator. seu formato envieza-se com coluna jornalística. bad news, good news ? no way.

de redator que prima e preza pela velha? escola de redatores. e da leveza de ombros que chutam pedras a procura de boas idéias oriundas do gozo da vida e dos seus achaques nos rejuntos.

tivesse um patrono e seria o neil ferreira. menos pra chatear as star systen dos 80 para cá, e principalmente as de hoje, - qual é mesmo grande redator do pedaço ? e mais por sua postura, arisco? e, honoris et causa, bill bernabach.

of course, que cabe também o hegarty. e “ os soldados desconhecidos” tanto nomes que desconhecemos e que fazem da publicidade uma atividade, apesar de toda a sua desimportância, importante em nossas vidas. e se há coisa que aprendi nesta atividade é que, por trás de cada meia dúzia de nomes hiper consagrados, há três dúzias e meia de caras que sustentam a pisada mesmo não sendo lobos alfa e centenada de gente trabalhando contra tudo isto “sendo do ramo”.
são estes caras, das três dúzias e meias, que não lembramos ou sabemos o nome, que mantém literalmente o negócio de pé. pois a alcatéia só sobrevive graças a socialização na hierarquia de atividades, daí o quadro endêmico do publicitário em vários aspectos. e se fosse você prestava mais atenção na publicidade da ásia, do oriente, da áfrica, preparando-se para a da china e mundo árabe. não vai ser a primeira vez que o império britânico vai cair do cavalo e que a cavalaria do general custon vai perder a corneta.

uma certa incompetência com o manuseio do mac, uma conexão discada, que ainda por cima tem de pagar interurbano – não é à toa que a telemar é a campeã de maus tratos – e o cemgraus foi se formatando. não as imagens, não a publicação de anúncios geniais ou estapafúrdios. não ao puxa-saquismo, fofocas, primas donas ou babalorixaismo. já tem site e blog que faz isso de montão e, dizem, muito bem. não vou ser eu então mais um na maresia dos outros.

aqui procuramos discutimos deontologia – sem toga por favor – e mais um outro tanto de logias sem demagogia. a visão é cáustica, é. mas é de se considerar um docinho junto da causticidade do mercado, da vida. digamos que são um contraponto as opinões cristalizadas de uma atividade que nunca foi muito boa olhar para o próprio rabo, salvo na postura de pavão, e de se auto-criticar nas suas grandiloquentes pequenezas em busca das alturas du palais.

as coisas são assim, portanto. tantas vezes o acaso e as circustâncias fazem o leiaute e trazem o título e a gente fica reinando que tudo foi planejado ou, como agora é moda dizer, estrategicamente pensado. porra! nenhuma. duzentos por cento do planejamento que conheço é do tipo boring, feito nas coxas e com a audácia de querer aprofundar o negócio do cliente sem sequer transpassar a epiderme. até porque publicitário não gosta de “ver com a barriga” o balcão do cliente, o matadouro, o lugar onde o sangue escorre e se vê as vísceras. mais ainda, detesta o cheiro do povo. aquela boiada que consume para além da necessidade quando se toca ao berrante, senão pasta e ainda por cima caga nos pitacos de mba´s. daí o desprezo mais do que merecido que os clientes manifestam por publicitários que querem resolver a vida dos outros com fórmulas que prometem ver a calcinha de quem não usa e que renegam renitentemente a empregar na gestão do seu negócio. o passaralho é a maior prova delas. não sabe o que é passaralho? cacete, estes cursos de publicidade não ensinam chongas mesmo. passaralho é aquele fenômeno mais pusilânime e aquecedor de rabos que el niño, que se manifesta quando a agência perde uma conta. nesta hora aquelas frases empoladas de como enfrentar a crise tranformam-se num solene pé na bunda que vem muitas vezes sob formato de bilhetinho marrom(azul era conversa) ou, o que é pior: o discurso politicamente correto sob a sua contribuição nos últimos meses, ou anos, se você tiver carapaça de tartaruga, para a agência, mais infelizmente, sabe como é, deixa aqui amigos e coisa e tal - normalmente se te devem algum dinheiro vão demorar uma eternidade para te pagar e se você reclamar espalham para o mercado que você é criador de casos e não de cases.

por isso mesmo, ave a escola dos redatores que já acrescentava conteúdo longa vida a campanha sem etiquetá-la com remelas hoje vendidas como percepção estratégica. geração ainda que fudida, e muito tempo sob dupla ditadura, não perdia o humor, que recebia larga contribuição do estúdio, que caricaturava até a mãe do presidente da agência em vez de babá-lo a exaustão – hoje temos desktop, top-top ? e que mantinha a platéia acesa pela inteligência e variedade de assunto até no boteco onde se fazia o mix de última da madrugada com o café da manhã antes da reunião de apresentação, onde um quase bando de cabeludos, nem todos, provocavam um mixto de atração repulsão, principalmente aos gringos da matriz que surpreendentemente aprovavam a maioria das idéias movidas a money for funny things, mais tarde nome de agência do van steen. esta irreverência, que muita gente amputou em nome da responsabilidade era a levedura das idéias que ficaram em camisa de força na medida que alguém teve a péssima idéia de dizer que propaganda era coisa séria, tornando-a sisuda. acabou-se toda aquela loucura da lucidez.

esta geração concomitantemente conviveu com a geração sacada. aquela meio patchouli, meio pau a pique. que achava que puxando um fumo iam ter idéias de gênio relinchadas corredor a fora como do caralho e que de bernabach só tinham o hábito de colocar os pés cima da mesa e ficar meditando sempre com o ar do não tá pintanto. do caralho? nem de minhocas, normalmente plantadas na cabeça do cliente com um papo de cerca lourenço do atendimento, montado em certos decotes e bons pares de coxas ou de um diretor de criação de suspensórios e gravata borboleta ou de bichinhos combinando com o tênis – cuidado alguns deles ainda estão em ação – que pelo menos tinham um certo ar dandi que não se encontra mais nos pastinhas de griffe.

portanto, século XXI, cemgrauscelsius não é exorcista, nem saudosista, melancolista como talvez possa parecer.

a convivência diuturna com uma geração de 19,20,21 anos, no brasil e no exterior, nos fez compreender que nélson rodrigues acertou na lata quando emputeceu-se e bradou: jovens, envelheçam!

o problema é que eles levaram isso a sério. e o que tem de gente velha, principalmente de idéias, mal saída da adolescência é embaraçoso (assim como é constrangedormente ridículo a assunção de padrões ditos modernos apenas para o parecer pelos meia e mais idade que subexistem) como o é a falta de cultura geral, de informação, de capacidade de combinação e recombinação. o camarada pilota um ipod, frequenta uma rave, compra um disco do cordel encantado, aprende 15 % do manuseio de um programa adobe e já se acha o fodão do bairro do peixoto. tristes tempos em que operador de máquina é saudado como grande criativo e o copywriter de breifing é chamado de redator.

se júlio ribeiro dizia que “você tem a idade que seus anúncios aparentam”, agora mesmo é que o inss vai sucumbir ao peso das aposentadorias de gente que não percebeu o que disse o petit: o que tem de ser novo é a idéia, não o leiaute. e que o copy, não tem que ser grande nem curto. tem que ser na môsca, seja a la sermões do padre vieira seja a ponto e vírgula de cagada de môsca.

por isso mesmo cemgrauscelsius não quer ser velho nem novo, pior ainda up-grade. nem repositório ou supositório de ninguém. não aplica botox, não faz implante de silicone, nem toma viagra para tornar-se simpático ou merecer a atenção de ninguém. manifesta visão que julga coerente, o que não quer dizer acertada, até nas suas incoerências com direito a refutação – não refuta quem não quer ou não tem cabedal. o blog não faz censura de espécie alguma até porque este blog anda mundo a fora com a badalhoca, independente de grande coisa ou não, de fora. mama quem quer, morde quem tem vontade, cospe quem tem língua.


em nosso entender, a boa publicidade, em qualquer tempo sempre foi feita com o mais absoluto desrespeito ao bom senso. porque o bom senso em publicidade equivale a avaliação durante tanto tempo empregada de que o sol gira em torno da terra e que a mesma é quadrada. isso enjaula o ângulo mental competitivo e a umbigada mercadológica.
vamos fugir da heróina das tendências dizendo não ao crack do ingrupismo e da mariagemvaicomasoutras.

cemgrauscelsius.bogspot.com não usa luvas.
nem telescópio, periscópio, endoscópio nem microscópio. a gente mete a cara mesmo dando-a à porrada se for o caso.
agora, nem pense que vou lhe oferecer a outra face que vai tomar nos cornos sem nem se dar conta disso.
depois não diga que não foi avisado.
(amanhã, epílogo ou pernilongo, como queira)

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