quinta-feira, dezembro 15, 2005

rei leão

o centenário do sport clube do recife, aquele cujo maior mérito estampado na sua fachada é ter sido campeão brasileiro de 97 por WO, mais tísico impossível.

os tais cem anos de glória ficaram mais enterrados na ilha do leite do que caranguejo na lama, aliás lama, que lama? hoje o capibaribe nem lama tem. é só merda. versão paliçadas e versão fumê, com a invasão imobiliária à la dubeux que vai escorchando ainda mais os em breve outrora habitantes das palafitas, postos pras calçadas de vias expressas, pela valorização das beiras-rios mito ascencional da emergencial noveau classe riche sem classe pernambucana. será por isso que o rio está fedendo cada vez mais ? porque titica de miserável, sem volume, só verme, polui e catinga menos que bosta de quem empanturrado de bic mac vai ficando cada vez mais parecido com o ronald ? como se batata frita determinasse agora o volume e valor do nosso mangue beat ?

catinga por catinga, o sport afundou de vez nos seus cem anos. poder-se-ia dizer que isto não é privilégio do sport, já que o grêmio, também, chorou centenários no seu, pra depois fazer chorar alvi-rubros num dos mais acachapantes episódios do futebol brasileiro – e olhe que a parada é dura – quando um meia dúzia de jogadores de um timeco sem futebol mas atrevido como se o tivesse, fez o que quis nos aflitos – deu porrada, cuspiu na cara da dignidade pernambucana, passou a mão na bunda da nossa mãe – e ainda ganhou um campeonato por isso. sem que tivesse levado, nem por trisca, uma peitada daquelas: nem pelo time, nem pelo juiz, nem por dirigentes, nem pela torcida que atônita cagou-se pra dentro.

mas o centenário hoje é do sport, que finda melancólico como o ano em que a rede globo depois de alguma pressão na base do mão na cabeça do mercado passou a chamar o marcos valério de empresário em vez de publicitário, deixando na dúvida, só por exemplo, de como devo chamar o roberto medina, o roberto justus, os agámattos, e quiproposzinhos e outros tantos que permeiam o ser ou não ser esqueça o briefing da questão.

marketizado pelo que há de pior, ainda que visto como melhor, o time do cazá,cazá,cazá, organizou uma tal comissão do centenário, capitaneada pelo paulo coelho do marketing pernambucano, um tal analista de pesquisa, que muito mais pela força de lobbys e conluios sacramentou-se do alto do seu triplex na avenida boa viagem – uh lalá! – como o rei mírdias da comunicação chapa branca do estado, devidamente permissionado por jarbas, que desta mancha não escapa, chafurdando no engôdo de um fraquíssimo projeto de cem anos. a começar da marca, escolhida por ele, cuja operacionalização, pifiamente sustentada pela ainda mais pífia qualymais não gerou nada mais que um relógio que marcaria as horas do que não viria nem nunca veio e nada mais que isso que desgraça pouca é bobagem.

como se não bastasse o ano inteiro de tropeços e sapatadas o sport, para além de não jogar futebol suficiente, nem para a quinta divisão, já que parte-se do presuposto que time de futebol deve jogar algum, nem precisa ser grande coisa, vestir pelo avesso um projeto de canela dos pernas de pau que tendo vindo a ganhar no tapetão por outras jogadas que não o drible do talento nato. e assim passou o centenário todo a falar de glórias, a produzir chamadas para novos sócios com o bordão de leão da savana numa hora em que, estando mais pra leão de picadeiro de circo de periferia, sem dentes e sem unhas, o rubro-negro da ilha, teve apenas como fato novo a também falsa reinauguração do varanda, para além da repintura a entrada do estacionamento do cartaz do “não nos responsabilizamos pelos pertences no interior do seu carro”.

a torcida do sport, merecia uma presidência, e uma comissão pró-centenário que cuidasse melhor do patrimônio que pertence a um clube que findou este ano, murcho e cheio de carrapatos, como a juba de um leão tal qual o que foi largado numa cidade de interior, passando a fome do abandono e dos mal tratos, que ferem as lembranças de quem já foi rei e perdeu a majestade, enquanto as hienas fizeram a festa a custa da sua inanição.

em 2006, que intervenha o ibama, mas não seja a parte podre, pra ver se o leão mastiga algo mais para além da dieta de morder o próprio rabo.

pelo sport nada ?

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