segunda-feira, dezembro 12, 2005

não fode

no panorama modorrento da publicidade atual, outdoor da gang, ganha adeptos e contra-adeptos, ao despedir-se de 2005 de maneira publicitária, equivalente picante, ao já vai tarde.

como pimenta no cu dos outros é refresco, procuradoria de cidade vizinha a forianópolis considera a mensagem ofensiva. e lá vem o discurso buscando leis, artigos e parágrafos, para ordenar a retirada da peça. mas que nunca vem socorrer àqueles que morrem pela inoperância da justiça verde e amarela, que configura-se cada vez mais como um dos mais cruéis e desumanos sistemas jurídicos do mundo. arriscando-me a dizer que matam mais do que quaisquer traficante de peso ao vitimar desde velhinhas, que já na meia idade começam a esperar por uma decisão que raramente as alcança vivas, e olhem que o índice de longevidade do brasileiro aumentou, mas nem assim, para não falar da cegueira frente as crianças abandonadas e o tratamento dado a menores infratores que enrabados e torturados o são, com o devido nihil obstat do sistema, especializando-os nas práticas que reproduzirão amanhã de manhã talvez comigo ou um dos nossos leitores e quiçá, com um pouco de sorte, merecidamente com um servidor da justiça desse quilate.

o foda-se, noutros países, e já agora começando no nosso, equivale ao desabafo de um sonante puta que o pariu digitalizadamente comprimido, caralho atachado, porra já nem mais, mais nunca caraca. muito menos o dane-se, que costuma ser imprimido quase cômico as legendas ou traduções que em nome da boa linguagem empobrecem, em vez de educar, nossos já paupérrimos indivíduos não pensantes, o que também configura o aboio da dominação.

apesar de out a mensagem foca o consumidor da marca, teens e pós teens — não sei se a mesma que marcou anos 80 no mercado do rio de janeiro; a campanha atual foi veiculada em porto alegre e florianópolis - e que conceitualmente traduz a fala, nem sempre o sentimento político, que muitos jovens manifestam, se não ao ano que finda, em qualquer roda de confrarias de shopping. a começar do protesto à mesada que ganham, para descalabro dos que não, e que não sabem dizê-lo direito nem em português, mas que o fazem na linguagem funk, daí porque incomoda tanto.

em 2005 nem se pode chamar de politicamente incorreta tal peça ou rebelde. tampouco considerá-la ofensiva à inteligência e a civilidade.

a única coisa a lamentar no fuck you 2005 é que seja uma simples peça, de qualidade publicitária sofrivel, para vender roupas num ano em que todos nós nos fudemos de verde e amarelo, de verdade. ou não é de fuder tamanhos descalabros acontecidos? estes sim, gigantescos outdoors da ofensividade à decência, que fuderam ainda mais a imagem do país, seus sistemas executivo, legislativo e jurídico, e a nós brasileiros. e onde quem foi pego com as calças na mão, ainda assim não perdeu a oportunidade de nos foder ainda mais usando não só outdoor, mas rádio e tv sem nenhum impedimento.

procuradorias querem evitar outdoors assim? então em fez de fuder a nossa paciência que façam algo mais do que fuder a vida dos de sempre, como sempre.

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