sábado, novembro 05, 2005

pág 35

…. que vejo eu no deus deste culto infame senão um ser inconsequente e bárbaro, que hoje cria um mundo de cuja construção amanhã se arrepende ? que vejo eu nele senão um ser fraco, incapaz de fazer o homem dobrar-se para o lado que ele quer ? esta criatura, apesar da vinda dele, domina-o; pode ofendê-lo e por isso merecer suplícios eternos! que ser tão fraco é esse deus! então ele pôde criar tudo o que vemos e lhe é impossível formar um homem conforme a sua vontade ? mas, responder-me-eis, se o tivesse criado assim, o homem não teria mérito? que coisa insípida! que necessidade há que o homem tenha mérito diante de deus? se o tivesse formado totalmente bom, aquele jamais poderia praticar o mal e só então é que seria obra digna de deus. deixar ao homem a escolha é tentá-lo. ora, deus, pela sua presciência infinita sabia bem o que daí ia resultar. a partir desse momento, é portanto por prazer que condena à perdição a própria criatura que formou. que deus horrível, esse! que monstro, que celerado, tão digno do nosso ódio e da nossa implacável vingança! todavia, mal contente com tão sublime ação, afoga o homem para depois o converter: fá-lo arder, amaldiçoa-o. nada disto o modifica.


sade, in a filosofia na alcova ou os preceptores morais, nos anos 80, em edição da gama, uma divisão da global editora e distribuidora. vendida nas bancas com capa de carlos clémen a dissolver zéfiro, com chamada de “ um dos livros mais censurados no brasil” trazendo na contra capa o - não deixe de ler ! - chamando para robert goldolk, manual de relações sexuais; catherine dupré, se minha cama falasse, confissões íntimas de ornilla, cinco noites eróticas e também adriam thomas, sexo em família e oliver river´s com mônica, a insaciável, valéria a freira nua, andrea, traição sexual e rosa, a irresistível.

tudo como se do mesmo saco, fosse sade.

sim, as blasfêmias, para alguns, para alguns, acompanham agulhas costurando cus, trepadas com pompa e circustâncias adequadas a filosofia que encabeça os caralhos fodedores da obra, nas pessoas de dolmancé, da sra. de saint-ange, eugênia e o cavaleiro, devidamente introduzidas, por todos os buracos que você imaginar com ode introdutória aos libertinos e recomendações para as mamãs:

“ que toda mãe preescreva à sua filha a leitura desta obra”

qualquer dia destes, se a audiência cair muito, agente transcreve alguns trechos para levantar os counters.

por hora, seu eu fosse você, tratava de ler alguma coisa do marquês, até se for para subir o pau, muito melhor que entrevistas da playboy. serventia na sua vida terá, usando qualquer que seja das cabeças e entrando por qualquer que seja dos buracos. ninguém é impassível ante sade. e esta é a sua maior grandeza ou melhor dizendo, tesão.

p.s. postado ao som de guru´s song, do álbum oneness do devadip carlos santana, época em que seu som já estava diluído mas ainda a salvo dos prazeres terrenos de ganhar gramys à rodo. agora vamos aproveitar o sábado ouvindo chemical brothers que ninguém é de ferro.

Um comentário:

  1. parabens por seu conhecimento. passeando pela net, encontei esta materia, a qual fiquei feliz de ler pois me fez recordar dos livros que lia em minha juventudecomo os citados da gama editora na decada de 1980, porem depois de todos estes anos, nao os tenho mas. e gostaria de rele-los mas nao os encontro, talves tenha enderecos dos livros postados na internet ou da editora. se possivel e acaso tiver por favor envia para eu. obrigado
    danglaristassi@yahoo.com.br

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