terça-feira, novembro 01, 2005

e o mohallem, quem diria, ficou obsoleto

clássico da propaganda brasileira, não é anúncio, campanha, frase ou livro. é um manual. e manual de estagiário. o que por sí só o torna duplamente clássico.

tais palavras já escritas, dirijo-me ao site do CCSP para avivar contextos do manual, já que a minha versão encontra-se perdida entre caixas de mudança que não desfiz e novas companheiras que preparam-se para a próxima.

deparo-me então com a informação de que o mesmo já cruzou fronteiras, editado na forma de livro. didaticamente distribuido cá por orgão que se preocupa com formação de jovens profissionais, esgotado.

sempre tive relação estreita com manual, apesar de irônicamente nunca ter sido estagiário. talvez o esteja sendo agora.

volta e meia o manuseava. seja em meio a brancos ou como leitura instigadora sobre a profissão. em meio a tais leituras sempre dava boas risadas na questão pasta, ou portfólio, cuja grafia correta é portafólio. éque antes de ler o manual, preocupei-me em comprar uma boa pasta, o que fiz, diretamente ao omar, que adentrou a velha thompson da são clemente, no botafogo do rio.

dito e feito, comprei uma pastona que me consumiu quase um terço do salário. tamanho exagerado, na época para mim adequado. para enfileirar anúncios de página sem menor dobrinha, orgulhoso de os ter alguns.

mal sabia que, nas minhas árduas caminhadas e onibuzadas no caminho de são paulo, aquilo pesaria muito mais que as idéias contidas nele, revelando-se um impecilho terrível para entrar e sair dos ônibus. e, principalmente, a tempo de o fazer na parada certa.

bom riso e lições à parte, uma coisa chama-me atenção quando relembro abordagens e notícias de filas de, centenas e até milhares, de candidatos a estágio a porta de agências, nem tão renomadas assim.

eugênio, aconselha, sabiamente, a quem for de criação, digamos acima da média no gosto e perseguição pelas boas idéias, a procurar agências de criação onde provavelmente sentir-se-à em habitat mais favorável as suas intenções. não sem antes advertir que deve-se filtrar rótulos, utilizando o exemplo da talent, como agência que gerida por planejador, ainda que tivesse sido redator, a ressalva é minha, mantinha produção de qualidade.

a questão é que, num mercado, e já agora não só mais paulista, onde tudo é aviltante, e mesmo assim filas juntam-se a emails(nunca respondidos) e curriculos e toda sorte de tentativas de tornar-se visto, não sobra espaço para você escolher uma agência de criação como bem recomendado.

como espermatozoide que luta pela sobrevivência sua chance de entrar em qualquer uma, até mesmo de pé de escada, são mínimas. de maneira que nesta hora, em que pese a advertência do manual, você despreza a camisinha dizendo para você mesmo que o negócio é entrar, estar dentro do mercado. que depois você, pelo seu trabalho migra para uma melhor e assim por diante. o que acontecia no mercado há décadas atrás, papel importantíssimo das pequenas e médias agências que burilavam talentos e os revelavam de bandeja. aliás, como eram vibrantes e entusiastas em ambiente e trabalho muitas destas agências que até chegavam a fazer inveja a quem transposto a estruturas mais pesadas.

mas hoje: hoje tudo é masturbação! caro amigo. como situava a velha piada. espermatozóides morrem aos milhões sem fecundar. muitas vezes nem entrevistas em agências que valham a pena.

e, do jeito que o mercado está, deformador a todo custo, suas chances de ser mais um calhorda fazendo de tudo errado para segurar um salário, inversamente proporcional ao que terá de fazer, estas sim são enormes que já nem cabem em procedimentos de manuais.

o do estagiário, em que pese seu vigor conceitual, e digamos até filosófico, ficou datado num item que nunca deveria merecer correção: a criação, aos criadores.

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