terça-feira, outubro 25, 2005

restos de munição ou saldão do referendo

não esmagadora, que a nossa realidade é banguela.
mas por margem folgada, o não deu mãos ao alto ao sim, deixando-o de mãos abanando?

do referendo e sua comunicação podem ser tiradas algumas ilações:

a) erro estratégico, dar tom de campanha a referendo; em momento que qualquer associação a político é dar tiro no pé ou nos fundos, desonestos, inclusive de sí próprio; nestes aspecto os dois lados em determinado momento cometeram o mesmo percalço, percepção agravada pelo lado do sim, montado ainda segundo percepção na mesma bufunfa com que se decoram comícios com artistas de palanque;

b) globais interpretados como mais uma farsa no pedaço ? ou povaréu já percebeu o que significa over-acting ainda que lightemente disfarçado ?

c) utilização de atores globais como formadores de opinião; ainda que na pele de sí mesmos, vistos que foram como personagens manipulados a bom cachê para a frente do sim; o conceito de entropia, leia-se aqui desgaste, para não soar afetado, de há muito colou nos platinados; faustão aos domingos tem colaborado para isto fazendo um trabalho de sapa ao expor os atores nos sketches de fim de tarde, onde todos solidarizam-se com boas causas e princípios, tão demasiado humanos o que não se espera mais de ninguém, quanto mais de atores da globo que, mesmo em baixa - sbt, record e sabe-se lá quem mais ainda comprando aos montes - ainda em alta, acima das lajes; sem falar que a filantropia global não desce até o buraco mais embaixo que é atingido pelo netinho e por sua cópia branca, recalibrada, gugu, fazendo tudo soar como uma grande soap opera; até didi, o embaixador da unicef, soa traíra após o desprezo dado ao dedé, estreitando e enfraquecendo o espectro de adesão;


d) a estética do sim, dizem criada pela giovanni fcb, agora só fcb, já que comprou cem por cento, apesar do gio continuar a frente da administração. curioso como uma agência que nasceu dos poros de um “comunicador do povo”, homem de rádio giovanni, misto de geraldo freire com ternurinha, mas que nunca riscou esmalte nas unhas, tenha perdido o “cheiro de povo”. esteticazinha por demais asséptica, apostando no substrato gráfico delicado, por certo para fazer sobressair as global stars, apostando todas as fichas nisso. levou pau da estética do não, que nem precisou bater muito no discurso não temos dinheiro para fazer campanha paga aos tubos para ter globais ao nosso lado(não importa se realidade ou não o que fica é a percepção) o que soou verdade de sobra para seus argumentos;


e) de cara, a estética do não, nua e cra, mas não agressiva, nem pobremente fake; administrou intencionalmente ou não a sua pobreza de recursos, sem deixar de marcar os piquetes do seu discurso: apresentadora “ neutra”, em cenário neutro, que não deu pistas de estética publicitária, adotando discurso incisivo mas não agressivo em tom de voz neutro, associado a marca da clareza da apresentadora jornalista; dura sem deixar de ser mulher, mas não dura o bastante para soar impositora ou impostora, tampouco didática madre superiora; soou mais a cunhada bom senso da família, nem broaca nem loura fatal,


f) a frente do sim, apelou para o racismo invertido ao colocar jornalistas negros, típica exemplificação mau fadada de tentativa de processo de colagem e identificação subliminarcom as camadas pobres da população, distanciando-se e invertendo um princípio básico em questões de bala: não é a cor de quem dispara que aumenta o rombo: é o calibre; e com a adesão quase em massa dos filhos da falida classe média e ou burguesia da lagoa ao crime, via drogas, inda mais terror o negro colorama que assalta inconsciente coletivo;

g)mas a grande pedra de toque da turma do não, talvez do tipo atiraram no que viram e acertaram no que não viram foi o uso da “tatíca contra fatos não existem argumentos”; inclusive utilizando, ainda que de forma discutível, mais eficiente, um comentador jornalístico tipo primeiro da turma.

h)a turma do sim caiu na armadilha direitinho, sem contar que não flanquearam a questão osso de galinha na glote dos custos do referendo, do montante do investimento do desgoverno na segurança pública, na percepção do paroxismo da insegurança em incontáveis casos de roubo, assassinatos hediondos, sequestros, amplificados pela mesma emissora que emprestou seus globais.

ih) voto de protesto ou não, o não também pisoteou uma certa estética publicitária arrumadinha que costuma confundir eficiência de ambientação com eficiência de ornatos.

j)como referendo nao é campanha, apesar de ter muita gente já estar assanhada por isso, inclusive gente do governo, e em todos os poderes, porque será? resta ver o que virá por aí. desgastados os marketeers, que depois de vender políticos como sabonete, transformarem caixa dois em caixa ao alfa dois, e publicitários que fazem de agências-marca marca de contas de rinha, talvez sobre espaço para publicitários fazer o que ao final das contas não é nada complicado, tampouco desonesto:criar formatos que realcem os conteúdos de quem os tem. quem não os tem que continue nas mesmas práticas agora desabridas a tal ponto, que nem camiseta, nem santinho, nem caneta, consola ou pode mais adesivados a não eficiência.

restam as dentaduras, alpercatas e laqueaduras ainda eficientes. mas isso, para que publicitários ? mesmo os carecas ?

Um comentário:

  1. O referendo foi uma grande confusão orquestrada. Referendo com cara de campanha. Gente defendendo direito que não é direito. Guerra de números onde sobrou chumbo pra todo mundo.
    Certo mesmo é que diante de tanta hipocrisia, de tanta confusão, deu pra sacar que o formato-padrão anda cada vez mais desgastado. Marqueteiros sofereram baques irreversíveis a curto prazo. E de tudo deu pra perceber que conteúdo bem aplicado, na veia certa, atinge o cérebro em instantes. O problema é quando quem aplica o conteúdo anda um tanto quanto viciado...o percurso ao cérebro se enche de pedágios.

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