domingo, setembro 11, 2005

loteria do fiasco

dizem que a nossa herança-judaico cristã é responsável por isso.

os bons com seu culto quase histérico a bondade desinteressada constantemente bradam aos céus misto de súplicas e blasfêmias por não se verem recompensados da bondade praticada. preferencialmente sonham e aniquilam-se por alguma boa bolada, mamata ou a felicidade de nascer e ou continuar com membros inteiros e funcionando. sejam seus ou da descendência. o que por sí só já equivaleria a uma primeiro prêmio federal mas que muita gente tanto valoriza como aqueles que sequer conferem o bilhete e por isso mesmo não gozam o que recebem.

deve ser terrível descobrir que a grande e única recompensa em ser bom ou do bem é simplesmente sê-lo. nada mais do que isso.

ser bom, decididamente, não não vai fazer você tirar na mega-sena, sequer na rifa da paróquia de subúrbio; por ser bom, a mulher gostosa do vizinho feio não vai lhe bater uma punheta por isso, por ser bom. dar então, nem pense ou vice-versa, se você mulher, com o marido bonito da vizinha; ser bom não vai fazer você passar naquele concurso para fiscal de renda; ser bom, para surpresa sua, ainda?, não vai fazer de você um profissional respeitado. aliás, justamente por ser bom, se vacilar, você vai se substituido ainda hoje por aquela estagiária que tem uma bunda muito maior que sua bondade – as vezes nem isso, já que você é bom demais ou assim se julga.

por isso seja bom mas não seja estúpido. se o seu telhado tem goteiras não espere do céu nada mais do que chuva. principalmente se você não tem tamborete, quanto mais escadas.

enfim, ser bom é isso. é ter nas mãos os números da sorte que você não jogou na semana que sairam, sem espernear por isso. o que é muito diferente daqueles que ficam no bem-bom? do deus é justo, deus é quem sabe, é quem manda ou não manda porque sabe o que faz.

para os bons a vida tá mais pra casseta & planeta.

durma então com o livre arbítrio. e acorde ou não com sua consciência em paz. mesmo que ela cheire mais a uma raspadinha equivocada no atrito entre contrição e realidade.

para os bons a vida tá mais pra casseta & planeta.

dizem que nossa herança judaico-cristã é responsável por isso.

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