segunda-feira, setembro 05, 2005

aula de geometria

Em alguns (poucos) anos de estrada, já ouvi algumas vezes da boca de clientes que a agência que atende a conta da XPTO “Não é lá essas coisas, mas...”. Ou em outros casos pude perceber nos olhos do prospect a vontade de dar uma chance para uma outra empresa, mas que sempre é brecada por “gente de cima, você entende?”.
O que faz com que uma empresa tenha medo de trocar de agência?
Bom, para começar: é medo mesmo? Preguiça, quem sabe? Medo por causa do processo em que o trabalho da pessoa de marketing no Brasil ainda é muito atrelado ao processo de publicidade e propaganda, a não ser em empresas maiores e mais bem estruturadas. Preguiça porque enche um pouco mexer no status quo. “Está tudo bem, está (quase) tudo bom, por que mudar? E se quiser mudar e der errado? Eu vou ser o culpado! Melhor ficar assim mesmo”.
Todos sabemos que mudar de agência é, de fato, um pouco incômodo. Por mais moderna, competente e criativa que a nova agência venha a ser, ela demora um período para entender o tipo de comunicação que agrada os clientes da conta, as nuances internas do cliente, enfim, o trâmite do dia-a-dia.
Porém, é necessário mudar, pois existe uma silenciosa revolução acontecendo.
Em países mais avançados, tecnologicamente falando, existem dispositivos, programas que você compra, instala na televisão para deixar de assistir aos comerciais e assistir só aos programas que você deseja. Em e-mails e Internet, o consumidor pode retirar os pop-ups, coisa que outrora, não tão distante, serviam como outro modo de se comunicar com internautas e oferecer os produtos e serviços dos nossos clientes.
Tem que mudar. Ou seria cobrar mais da sua agência? Ou seria confiar nela e deixá-la trabalhar? Bom, um outro assunto para outro dia...
Mas na contramão disso tudo, nunca se ouviu tanto a frase: “Eu mereço!”. Eu compro uma bolsa de R$ 10 mil porque “Eu mereço!”. Me privo de ficar com meus filhos, trabalho fora e, por ser uma menina boazinha, eu me auto-recompenso. Ou o amigo que se deu um carro novo de aniversário porque “Esse ano foi brabo... Eu mereci!”. Concordam que exemplos como esses são muito comuns? Então adicione isso ao fato de que existem muitas empresas ganhando muito dinheiro. Vejam o fenômeno i-Pod no mundo ou as próprias Havaianas.
Em resumo: as pessoas não querem ver comerciais, mas compram mais hoje do que nunca. O que se tira disso tudo? O mundo parece não querer ser incomodado com comerciais e formatos que seguem os moldes do século passado.
As pessoas querem escolher seus produtos, não ser escolhidos por eles.
Então, faz-se necessário ter uma agência de propaganda com capacidade criativa para desenvolver grandes idéias, para que essas grandes idéias chamem a atenção do seu consumidor, cada vez mais inteligente e exigente. E não só via televisão jornal, outdoor...
Por isso, sugiro que deixem o medo de lado, juntamente com a preguiça. Procurem um parceiro de comunicação que pense fora do quadrado. Ou abram espaço para o trabalho de sua agência. Caso contrário, peçam para o maquinista do trem parar, porque esse mundo está muito rápido e você precisa descer.

pense fora do quadrado por Marcos Souza
diretor de novos negócios da Exclam Comunicação

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