segunda-feira, setembro 26, 2016

ten years after¹ ou olivetto* pondo os pingos nos is nos bull shits que andam por ai





No dia 14 de setembro, o cinema Sao Jorge foi o local escolhido para a 1ª edição do Lisbon International Advertising Festival, onde foram realizados palestras, debates e festa com distribuição de prêmios para os melhores trabalhos na área da criatividade e comunicaçãoo, avaliados por um júri internacional. Washington Olivetto, chairman da agência W/McCann eChief Creative Officer do McCann Worldgroup para a América Latina e Caribe, foi convidado para Presidente do Júri e homenageado com o Prêmio Carreira – uma estatueta representando um corvo (esse, vermelho, super pop; veja na imagem abaixo), símbolo da cidade. Reunido com os outros jurados no hotel D. Pedro, no intervalo entre uma peça e outra, recebeu o Blue Bus para uma descontraída entrevista sobre o que mesmo? Descubra logo a seguir.
Qual o sentido que a palavra criatividade tem hoje para você?
Às vezes as pessoas consideram as palavras como novas, porque não sabiam que já existiam. Quer um exemplo? Algumas palavras que sempre foram utilizadas na publicidade – como conteúdo e produção de conteúdo. Desde que eu era criança, quando a Estrela fazia o programa ‘Pim Pam Pum’, já era produção de conteúdo. Tudo pode ser considerado um gesto criativo, como se na vida fosse possível ser bem sucedido ou viver bem sem gestos criativos. Um bom time de futebol é baseado num gesto criativo, um bom anúncio é um gesto criativo, um bom casamento é um gesto criativo. Sao palavras e atitudes que se renovam, que se criam e se recriam cotidianamente.
A criatividade está perdendo a qualidade?
A gente vive um momento geral onde os critérios de julgamento, de triagem, estao mais baixos. Onde o gesto criativo nao está vivendo o seu auge, no Brasil e no mundo. Saindo um pouco da publicidade, nao é muito por acaso que o melhor roqueiro e a melhor banda do mundo seja liderada por um homem de 75 anos chamado Mick Jagger.² Não é muito por acaso que o grande compositor revolucionário brasileiro ainda seja o Caetano Veloso. Entao, você tem momentos onde as rupturas criativas nao estao acontecendo em alto valor e aí, um monte de gente acaba sendo beneficiada. Eu sou beneficiário disso, onde a percepçao do meu trabalho é vanguarda absoluta. É claro que vai ter um momento, ciclicamente isso acontece, que tudo pode mudar. Pode nao ser agora, pode demorar algum tempo para ocorrer uma nova revoluçao, que normalmente acontece muito próxima das áreas artísticas e das áreas alimentadas pelas manifestaçoes artísticas. Ou seja, publicidade nao é arte mas ela é alimentada pela arte. Os momentos de ruptura acontecem sequencialmente, quase ao mesmo tempo, como a bossa nova, os Beatles, a pílula, a mini saia, o tropicalismo…
E o Festival de Cannes? O foco mudou ou nao?
O foco ficou alargado. Na verdade, a atraçao virou conversar sobre o produto final, nao fazer o produto final. Em Cannes hoje, o grande foco sao as palestras, os debates, mas isso sao ciclos, é normal, sao ciclos…
Nessa sua trajetória profissional quais foram até agora os seus melhores momentos?
Eu tive a sorte, por um fenômeno geracional, de poder participar de muitos momentos de evoluçao. Ou seja: comecei no momento em que a publicidade brasileira se internacionalizava. Tive o privilégio de estar durante 14 anos no melhor período da DPZ. Depois, fui o 1° profissional brasileiro a ter um sócio multinacional – a WGGK. Mais tarde, revi o nome Brasil – que por causa dos militares, não pegava bem. A W foi a mãe e a madrasta de todas as novas agências. Mãe e madrasta porque por um lado, foi muito legal. Por outro, a concorrência aumentou… Com a WMcCann eu tenho um privilégio incrível na minha vida de poder participar de todas as evoluçães. O anúncio de página dupla no Estadão, que saiu sobre a campanha BRA de Bradesco e Seara Gourmet com o Robert De Niro, é um exemplo de que essa agência vale ouro.
Como você vê o futuro dos filmes, das grandes peças de publicidade como hoje existem? Vao continuar ou vao desaparecer?
Uma das poucas coisas, das poucas dúvidas que a gente não tem nessa profissão, repleta de dúvidas – e é função nossa ter sempre dúvidas – é a de que em qualquer formato, se nao houver uma grande ideia, não acontece nada. Tudo continuará igual. E a gente também não tem dúvida que nenhuma mídia, feita com competência, irá morrer. As mídias vão se interligar entre si. Palavras dos meus amados, queridos amigos precursores do digital – o Julio Hungria que foi o 1º entre eles. Todos tiveram a consciência que apesar da velocidade fabulosa da internet, ainda não existe veículo no mundo mais veloz do que o rádio. Na internet, a gente tem que escrever. No rádio, se tiver um talento, ele fala antes.
E o futuro próximo, como vai ser?
Nos próximos anos, tudo acontecerá em telas, diferentes telas. Agora, se nao tiver uma boa ideia dentro dessas telas, nao irá acontecer nada. Uma boa ideia que tenha a capacidade de ganhar a ‘cara’ de cada uma das telas. É claro que em alguns momentos você terá que ser mais específico para comunicar – e eu nao vou mais chamar publicitário de publicitário. Já há anos que eu chamo de comunicador.
Como chegar a essa boa ideia? Há alguma fórmula?
A 1ª coisa, sagradíssima, para quem quer comunicar, é não ter preconceito com a informação. Você é um adequador de linguagens, portanto tem que conhecer as linguagens para poder adequá-las perfeitamente. Eu me orgulho muito que apesar de ser um ouvinte contumaz de Mile Davis, eu fui certamente o 1° publicitário no Brasil que mostrou a Anitta para a minha equipe. E é assim que tem que ser. Isso vale para a literatura, o teatro, a TV, vale também para o cinema. Se você se treinar para não ter preconceito de informação, você vai ter uma percepção melhor, vai conhecer mais linguagens e como consequência, será um melhor adequador de linguagens. O fundamental é o gesto de escrever! Se a gente quiser ter momentos verdadeiramente efetivos, a gente tem que escrever tudo melhor. Por exemplo: acho que o problema do Brasil nos últimos anos é que o Brasil andou sendo não escrito… Na publicidade, não é que os textos precisam ser melhor escritos. Não, os planos precisam ser melhor escritos, o pensar precisa ser melhor escrito, os visuais – que teoricamente são visuais – precisam ser melhor escritos. Para o Prof. João Renha, sobre uma explicação teórica do meu trabalho, contei uma história para ele que não foi publicada mas gostaria de repetir aqui. Quando me perguntaram qual o meu método para descobrir um potencial, jovem e brilhante redator, respondi da seguinte maneira – “Eu escolho um rapaz bem feio, de uma família muito humilde, que tenha umas namoradas muito bonitas, filhas de famílias muito ricas. Porque certamente deve ser um cara ótimo com as palavras”. Eu trabalho com um negócio chamado seduçao. Eu quero esse cara na minha equipe!
Como Presidente do Júri, gostou do nível dos trabalhos apresentados neste 1º Festival Internacional de Lisboa?
Fiquei muito honrado em ser convidado para a presidência do júri e adorei a homenagem do Prêmio Carreira – porque ninguém ainda teve um na língua portuguesa. Quanto ao Festival, achei o nível dos trabalhos inscritos bastante alto. Mas tem uma coisa que me incomoda nos Festivais em geral, que Cannes estabeleceu nos últimos anos. A necessidade de contar os ‘cases’ e que eu acho insuportável, até pelo seguinte. Minha mãe, quando está sentada em casa, nao entra alguém para contar o ‘case’. Ela gosta do que vê, ou nao gosta. Me incomoda porque é uma prática artificial da realidade da profissao. Curiosamente, quando Cannes vivia o seu auge criativo, era proibido na sinopse você explicar a intençao. Por que se nao entenderam, é porque nao é bom. Publicidade é feita para ser entendida! É a chamada ‘síndrome dos cases’ que tem em todo o mundo, em todo o lugar. Para os jurados me apresentei da seguinte maneira – “Minha funçao como presidente do júri é nao atrapalhar o júri. Se precisarem de mim para dar um palpite, eu dou”. No final, tive uma ótima impressao.
Existe uma publicidade europeia, americana, asiática ou lusófona, vamos dizer assim?
Acho que na publicidade existe boa ou ruim. E a média é ruim. A boa tem parecências que depois se adaptam aos fenômenos culturais. Eu amo os meus amigos franceses mas sua publicidade tem sempre um tom ‘erotic ou neurotic’.
A publicidade terá que se adaptar às novas mídias e ao seu público? Quem serao os ‘donos’ dessas novas mídias?
Os mecanismos de sedução serão os mesmos, em veículos diferentes. O que é uma rede social? Rede social quando eu era menino já existia! As amigas da minha vó, numa vila em São Paulo, falando que viram a filha da vizinha agarrando o namorado atrás do poste na noite anterior, era uma rede social. Elas só não tinham a tecnologia… O que é o Instagram? Sabe aqueles chatos que quando viajavam projetavam slides e serviam fondue? No Instagram estão os chatos dos slides, sem o fondue! Esses comportamentos sempre existiram e existirão. São necessidades dos seres humanos que vão se multiplicando de diferentes maneiras. Agora, quanto à publicidade, eu não tenho dúvida nenhuma que, particularmente ela, irá misturar nos próximos anos o conhecimento criativo com o conhecimento tecnológico. Durante muito tempo, havia o gesto de criar e o de produzir. Hoje, esses 2 gestos estão muito interligados. A possibilidade de uma mesma pessoa criar e produzir é muito grande. Vão surgir novas mídias, sempre surgirá. Outra dúvida que eu não tenho e que adoraria ter sido o autor da frase, que não é minha – “É praticamente indubitável que os grandes donos das novas mídias serão os grandes donos das velhas mídias”.

vermelho para o prêmio de carreira

*Entrevista | D. Pedro, S. Jorge e Washington Olivetto num encontro em Lisboa, via marise araujo para o blue bus, que já era twitter muito antes do twitter.
https://www.youtube.com/watch?v=bGIC4wbY9kI

https://www.youtube.com/watch?v=orPhkLpX3ps

"O bruxo de Juazeiro numa caverna do louro francês (quem terá tido essa fazenda de areais?) Fitas-cassete, uma ergométrica, uns restos de rabada Lá fora o mundo ainda se torce para encarar a equação Pura-invenção dança-da-moda A bossa nova é foda O magno instrumento grego antigo Diz que quando chegares aqui Que é um dom que muito homem não tem Que é influência do jazz E tanto faz se o bardo judeu Romântico de Minnesota Porqueiro Eumeu O reconhece de volta a Ítaca A nossa vida nunca mais será igual Samba-de-roda, neo-carnaval, rio São Francisco Rio de Janeiro Canavial A bossa nova é foda O tom de tudo Comanda as ondas Do mar Ondas sonoras Com que colore no espacial Homem cruel Destruidor, de brilho intenso, monumental Deu ao poeta, velho profeta A chave da casa De munição O velho transformou o mito Das raças tristes Em Minotauros, Junior Cigano Em José Aldo, Lyoto Machida Vítor Belfort, Anderson Silva E a coisa toda A bossa nova é foda A bossa nova é foda A bossa nova é foda A bossa nova é foda Deu ao poeta, velho profeta A chave da casa De munição O velho transformou o mito Das raças tristes Em Minotauros, Junior Cigano Em José Aldo, Lyoto Machida Vítor Belfort, Anderson Silva E a coisa toda A bossa nova é foda A bossa nova é foda A bossa nova é foda A bossa nova é foda A bossa nova é foda"


sexta-feira, setembro 16, 2016

na crise a gente improvisa. eles também *

                                             *originalmente publicado no misterwalk.blogspot.com

quarta-feira, setembro 14, 2016

salário emocional ¹



houve um tempo na publicidade que não se falava de salário emocional. claro havia salários de verdade - e publicitários idem.

mesmo que você não fosse do primeiro time, que julgo ser o meu caso, ainda que estivesse no primeiro time do banco, ganhava-se o suficiente para o que se espera necessário a um publicitário: não ter as contas no no fim do mês no vermelho - hoje já se começa o mês no vermelho; pudera! com o salário que ganham - e o tal suficiente para comprar uns livros, discos, frequentar espetáculos de arte, dar umas viajadas naqueles lugares que te possibilitam apreender cultura por osmose(principalmente cultura de direção de arte - algumas ruas de barcelona, por exemplo, que não sejam as ramblas, ou o quartier latin, ou ainda depois de fuçar berlin oriental e com uns trocos ainda flanar por montenegro.

se você sentiu falta na listagem de roupas de griffe, apartamentos com arquitetura de griffe, cannes e carros ou motos, vou dizer que você merece o tal salário que ganha, ou melhor não ganha.

mas vá lá, ter no ambiente de trabalho um benício, que com um psiu! com aquele sotaque e sorriso maroto, em menos de cinco minutos, depois de nos dizer senta ai, nos presentear com os eflúvios do seu traço, não é pra qualquer um. só mesmo para o erasmo carlos*(e pago). poderia, com certa licença, chamar isto de salário emocional, não fosse já emocionante estar na atividade num tempo em que ser publicitário decididamente valia a pena: pelo salário, sim senhor, mas sobretudo pelo trabalho, fosse qual fosse o ambiente, que filhas da puta antes, e de agora, se equivalem, menos, talvez, nos salários.

e assim lá nave vá. numa época que anúncios de emprego para publicitários acenam com vale-transporte, ticket-refeição, e até plano de saúde(ninguém ganha mais o suficiente sequer para pagar uma clínica popular?) um copy que tresanda oferecimentos e exigências do tipo "gogojob" ("Requisitos:
Amar a profissão, ser assíduo com os prazos, ter capacidade de organização, assumir responsabilidades sem medo de ser feliz, e claro, brainstorm na veia")(sim, isto é para diretor de arte sênior), com salários que muitas e muitas vezes não chegam aos 1.000 reais, o que me faz crer que: pior do que cair em desgraça é ter a graça de montar em tal desgraça.

quanto a mim, corroboro que era desgraçadamente feliz por ser bem pago; e por ter na agência(artplan)um gênio como o benício, coisa que a geração de uns tempos pra cá jamais poderá saber o quão valioso - e insubstituível - isto é.

pobres diabos, a pedir tickets emprestados a faxineira apesar, dos seus i-pods e i-phones. well, isto também não deixa de ser, hoje, um salário emocional para mim;)






a excelência de um trabalho que foi chupado na alemanha*

uma das criações mais emblemáticas do benício, confirmando que erasmo, e não o roberto, é o cara



*Foi resolvido o embate entre o ilustrador gaúcho José Luiz Benicio e o músico alemão Morlockk Dilemma, que fez uso de uma pintura do brasileiro em um disco seu. “Ele foi muito cara-de-pau, mudou apenas o rosto do Eramos”, diz Benicio, que teve o trabalho realizado para o álbum Amar pra Viver ou Morrer de Amor, do tremendão Erasmo Carlos, transplantado para a capa de Circus Maximus, de Dilemma. Apesar da evidência do plágio, e de a gravadora reconhecer o delito, a questão foi solucionada de maneira simples, com a saída da capa infratora de circulação.
benício, a mágica do sorriso que sempre o ilustrou**
“Eu poderia também ter pedido uma indenização, mas a gravadora é pequena e, apesar de eu ter tudo para ganhar a causa, achei que não valeria a pena contratar um advogado e desperdiçar tempo com isso”, afirma o ilustrador, que nunca havia enfrentado um caso de apropriação indébita de seu trabalho em 58 anos de carreira. “Se fosse uma companhia de primeira linha, eu iria em frente.”
Considerado um dos maiores ilustradores do país, Benicio, 74, é o nome por trás de 3.000 capas da editora Monterrey – de alguns dos melhores títulos da pulp fiction nacional – e dos cartazes de filmes da pornochanchada e dos Trapalhões, além de clássicos como Dona Flor e seus Dois Maridos. Uma seleção da sua obra foi publicada recentemente no livro Sex & Crime – The Book Cover Art of Benicio, da recém-criada Reference Press, editora que tem a proposta de publicar livros de arte e divulgar artistas brasileiros no exterior.
“Esta obra já me era cobrada há muito tempo. Acredito que tudo tem sua hora certa para acontecer. A minha foi agora”, diz Benicio. Segundo o ilustrador, a Reference Press possui também o plano de lançar uma seleta de seus cartazes de filme, com venda pela internet.
Em ambos os casos, cartazes de cinema e capas de livro, Benicio faz uso de fotos como referência para os desenhos – ter uma modelo em pessoa é fato raro e ele nunca conheceu, por exemplo, Sonia Braga, a Dona Flor dos cinemas –  e de guache como tinta(maria carolina maia, in veja)
1 - originalmente publicado no paspatur.blogspot.com
** legenda do blog

























sexta-feira, setembro 02, 2016

e tome maniçoba no golpe

Resultado de imagem para wagner moura Dilma é uma presidente muito incompetente. Nunca votei nela e já batia no governo desde 2013. Reconheço o progresso que o PT fez para diminuir a desigualdade social, mas o ciclo do PT acabou, caiu de maduro, de corrupto e incompetente. Mas acho que o impeachment foi uma manobra de interesses escrotos com os mesmos atores de 1964, com exceção dos militares. Quando a bonança deixou de favorecer a esse segmento da elite, aplica-se a velha solução latino-americana: tirar e colocar quem eles querem. Isso é golpe. E não posso compactuar”. Wagner Maniçoba de Moura